domingo, 16 de agosto de 2020
UMA PERUIBENSE RUMO A PINHAIS, DURANTE UM ENTARDECER FRIO E CHUVOSO (CONTO) - AGOSTO DE 2020
Era um entardecer frio e chuvoso na próspera "terra de muito pinhão", enquanto ela seguia numa scooter, rumo à vizinha Pinhais*, onde passou a morar, desde que se mudou da distante "terra da eterna juventude". Passava por uma larga avenida, quando revolveu parar junto da calçada (aproveitou que a chuva tinha parado), e observou por um momento a paisagem. Viu que naquele trecho as construções eram baixas, sem prédios altos, e se recordou do lugar de onde tinha migrado.
Se sentiu saudosa da cidade natal, onde o panorama urbano é predominantemente horizontal, principalmente próximo da praia. Grandes edifícios são raros, o que a diferencia muito de outros municípios, que fazem parte com a mesma de uma região metropolitana que fica no litoral paulista. Lembrou-se da rua em que morava com a família (a qual migrou com ela), tão tranquila fora do período das barulhentas temporadas de verão. Trata-se de um lugar praiano, mais quente e também tão carente em oportunidades, ao contrário de onde estava. Basta dizer que tinha conseguido um emprego na capital paranaense, e ela e os familiares já não passavam pelos apertos financeiros de outrora.
Era comum pensar num certo tempo passado, não tão distante, e fazer comparações com o 'antes' e o 'agora'. Comprou a pequena moto em várias prestações, tinha optado por ela por considerar que usá-la era mais cômodo do que o ônibus, pois o percurso entre as duas cidades nem era tão longo. O pouco de chuva no caminho não a incomodou, mas tinha se esquecido da capa para se proteger, que sua mãe tinha lhe separado, bem de manhã. O pai dela (anteriormente um comerciário mal pago e sem registro em carteira) tornou-se autônomo, e seu irmão virou universitário numa faculdade local. Após migrarem, prosseguiam pobres, mas tinham superado uma condição social mais difícil.
Por um instante, pensou na já distante ideia de "voltar", mas como isso seria possível? Se arriscar em encarar novamente uma situação precária, ela e o restante da família, para quê? Durante a epifania que passava, entendeu a falta de sentido em trocar o certo pelo duvidoso, sem dúvida sentia saudades, mas não era uma peruibense insensata, concluiu que retornar prosseguia não sendo uma opção. Após observar um fast food, que visitou dias antes com algumas colegas de trabalho, religou a scooter e retomou o caminho para o lar, antes que uma chuva, mais fria do que a anterior, enfim começasse a cobrir tudo ao redor.
* cidade da região metropolitana de Curitiba
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MARCADORES: MIGRAÇÃO DE PERUÍBE, PERUIBENSES EM CURITIBA, CIDADE DE PINHAIS, ESCOLHAS, SAUDADES, AGOSTO, 2020
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