domingo, 19 de maio de 2019

PERUÍBE: ENCHENTE, LUZ E TREVAS! - MAIO DE 2019





Ontem, dia 18 de maio, concluiu-se mais uma enchente em Peruíbe. Foi mais severa do que as recentes, ocorridas ainda neste ano, fato simplesmente incomum. Quando vi meu quintal severamente inundado, e escutava o barulho que os carros na rua faziam, ao passarem "cortando" caminho pelas águas (basta dizer que eu moro no Centro) temi por um evento similar ao ocorrido em 1979, mas as chuvas pararam bem antes do já esquecido "recorde" ser quebrado ou alcançado. Se elas durassem um pouco mais, este texto seria ainda mais pessimista do que já é.

Peruíbe continua pequena em importância, dentro da própria região da qual atualmente faz parte, só sendo relevante por causa da preservação ambiental, fora isso a terra da eterna juventude é pouco ou quase nada nacionalmente. Basta dizer que Santos é praticamente uma potência dentro do Brasil, de grande importância para a economia brasileira por causa do Porto, e perto da cidade líder da baixada santista (santista ... pois é) nosso município - que quase ganhou um Porto, disso não me esqueço - prossegue ínfimo, e do jeito que vai, creio que continuará a ser.

Num passado recente, escrevi aqui que "em Peruíbe não existem progressos, apenas variações para trás", e isso não parece mudar. Sobram ideias para incentivar o avanço municipal, a maioria delas inaplicáveis, seja por razões ecológicas (pois é) e pelos consideráveis custos, e falta pragmatismo. O sonho de transformar esta terra numa nova Guarujá é exatamente isto, um simples sonho, pois depende de investimentos que não virão. Ah, ainda não entendeu? Ora, se algum grande investidor quisesse construir uma marina, essencial para que turistas nível AAA viessem nos visitar, com seus iates, lanchas e veleiros, vários obstáculos teriam de ser enfrentados, e sem certeza de sucesso. É como no desenho Caverna do Dragão, onde os heróis descobrem uma saída para casa, mas sempre existe um porém, algo para impedi-los, tipo o Vingador, algum antagonista que os enfrenta num único episódio, um membro do grupo que obviamente não pode ficar para trás, a Uni ... epa, a unicórnio não, já foi provado que ela é do bem, melhor deixar pra lá. Mas como disse, para qualquer grande projeto graúdo nesta cidade (Porto Brasil, Termoelétrica ...), sempre existe um porém, e nenhuma alternativa aplicável. Até em Bondinho (teleférico) no alto do Pico dos Itatins/morro de Peruíbe já pensaram em construir, isso desde pelo menos os anos oitenta, e até agora, nada.

Após esta nova enchente, aguardem por notícias de mais gente que cairá na estrada, cansada não apenas da falta de boas oportunidades de trabalho, mas por novamente perder bens pessoais. Não se trata apenas da migração de desempregados, mas de pessoas com empregos ou pequenos negócios, que trabalham, trabalham, e têm sofrido contínuas perdas materiais. Em algum momento se cansam, perdem a paciência, e Peruíbe perde moradores, afastados daqui pelo desencanto e as necessidades mais urgentes.

E o movimento dos que querem se mudar para cá, sejam aposentados ou veranistas habituais dispostos a investir no comércio local, também tende a ser prejudicado, por motivos óbvios, contribuindo (se é que esta palavra é adequada) para o atraso municipal.

Para encerrar, vejo Peruíbe como um homem preso nunca imensa caverna, envolvido pelas TREVAS, que após muito caminhar, vê um pequeno facho de LUZ, o qual indica a saída. Ele caminha rumo à claridade, mas alguma coisa (sempre tem um porém) o faz recuar, de volta para a escuridão. Anda um pouco mais, e novamente, algo o faz recuar um pouco, e assim vai, atrasando a própria liberdade.



MARCADORES: DOIS DIAS DE ENCHENTE EM PERUÍBE, OUTONO, ESTADO DE EMERGÊNCIA MUNICIPAL, DESABRIGADOS, CARAGUAVA, JARDIM VENEZA, VILA ERMINDA, CENTRO, ALGAMENTOS, PROBLEMAS, PERUIBENSES, MAIO, 2019

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