segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
DENISE CAMPOS DE TOLEDO / A RECEPÇÃO DO MERCADO AO NOME DE NELSON BARBOSA - DEZEMBRO DE 2015
Só com discurso Nelson Barbosa não vai diminuir a desconfiança do mercado, nem o pessimismo quanto ao andamento da economia. Ele pode falar tudo o que o mercado quer ouvir - que defende reformas, idade mínima para aposentadoria, cumprimento da meta fiscal, uma política de austeridade. Mas só com ações efetivas é que vai ganhar credibilidade.
Pesa muito o fato de ser um dos idealizadores da chamada Nova Matriz Econômica, implementada no primeiro mandato da presidente Dilma, que deu nessa crise que o País enfrenta. Aquela política de ampliação de programas sociais, investimentos, desonerações, sem ter recursos pra bancar - ele está envolvido até nas pedaladas fiscais. E foi ele quem defendeu a meta de 0,5% de superávit das contas públicas em 2016, com uma banda que permitiria que fosse até zerada. O Congresso barrou a flexibilização, mas isso precipitou a saída de Levy, que defendia meta maior. Aliás, se é pra seguir a cartilha de Levy, porque o ex ministro saiu?
Questionado sobre isso, Nelson Barbosa não respondeu. Tem a questão política. Ele é muito mais alinhado às idéias da presidente e às cobranças da base aliada, que querem estímulos à atividade econômica.
Nada contra isso, é evidente. O Brasil vive uma das piores crises da história, com desemprego em alta, inflação corroendo a renda das famílias, empresas fechando. Só que não é com liberação irresponsável de recursos, populismo, que se vai reverter essa situação. Foi esse tipo de política que fez a economia afundar e o País ser rebaixado. Daí a reação negativa do mercado, a disparada do dólar. A prática dirá se ele mudou ou não.
Agora, mesmo que tenha mudado, vai ter de lidar com as restrições impostas pela crise política, com a pouca margem de manobra tanto em relação ao corte de gastos como na ampliação da receita.
O desafio é grande. Eu volto na quinta. Até lá.
MARCADORES: NOVO MINISTRO DA FAZENDA NELSON BARBOSA, ECONOMIA, MERCADO, SAÍDA DE JOAQUIM LEVY, GOVERNO DILMA / PT
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