sábado, 3 de abril de 2010

Dengue, um perigo real e imediato

No Vale do Ribeira, nesta última semana, foram notificados 18 casos de dengue: Cajatí (1), Iguape (2), Jacupiranga (1), Miracatu(4), Pariquera-Açu (3) e, na liderança, o município de Registro com 7 casos.

de (*) Fausto Figueira e Marcos Caseiro

A epidemia de dengue pode estar chegando ao ponto mais ameaçador nestes 20 anos de luta inglória contra o mosquito transmissor Ainda que as autoridades sanitárias do Estado tentem descaracterizar a gravidade da situação, UTIs dos hospitais da Baixada Santista têm os seus leitos ocupados por doentes com a versão hemorrágica da doença. Tem gente morrendo e rara é a família sem alguém doente.

A epidemia não pode ser enfrentada com olhos no calendário eleitoral. Não dá para minimizar o problema, nem escamotear os números alarmantes de dengue hemorrágica. O perigo é real e imediato e exige mobilização total.

No século passado, por duas ocasiões o Aedes aegypti, vetor da dengue, desapareceu das áreas urbanas do país. Nas décadas de 30 e 50, o foco era o combate à febre amarela, transmitida pelo mesmo mosquito. Em 1957, a espécie foi declarada erradicada do Brasil, na XV Conferência Sanitária Panamericana.

Entretanto, desde a reintrodução do Aedes aegypti no Brasil, na década de 1980, passou a existir um evidente risco do retorno da transmissão da febre amarela em áreas urbanas e, agora, com a medicina a anos-luz da praticada no início do século passado, vivemos assombrados por mais uma epidemia de dengue.

E pior: desta vez com maior agressividade e letalidade, situação piorada pela carência de leitos hospitalares na Baixada Santista.

O enfrentamento ao vetor é uma das estratégias na luta contra a dengue. A proliferação da espécie é favorecida pelo clima e por um certo relaxamento dos serviços de vigilância sanitária. O inseto se espalhou nas áreas urbanas, apesar de sua autonomia de vôo ser, em média, de apenas 30 metros (o que, em tese, facilita o cerco). A capacidade de multiplicação é fantástica: do ovo à fase adulta são 7 dias; o mosquito vive em média 45 dias e produz até 100 ovos durante a sua existência.

O combate deve ser feito eliminando os mosquitos adultos e eliminando os criadouros de larvas.

Outra medida é melhorar a assistência nos postos e unidades de saúde. Os municípios devem investir no primeiro atendimento, evitando a sobrecarga de hospitais e pronto-socorros.

Tantos cuidados são necessários porque a situação é muito mais grave do que demonstram as estatísticas oficiais. O número de casos notificados não representa a realidade, já que para um grupo de dez pessoas, apenas uma apresenta sintoma.

São mais de 38 mil casos registrados em Santos desde 1997 e, por essas contas (multiplica-se por 10 o número de casos notificados), dá para concluir que quase 90% da população já foi contaminada pelo menos por um sorotipo do vírus. Se contaminada por outro sorotipo, as chances de desenvolver dengue hemorrágica aumentam de 0,5% para 5%.

O crescente número de óbitos e a avassaladora incidência da doença na Baixada Santista neste verão justificam a tomada de medidas radicais e incisivas por parte das autoridades.

A letargia do Governo do Estado, manifestada pelas assustadoras declarações do secretário adjunto da Saúde, ao minimizar o problema e não reconhecer a epidemia, representa uma séria ameaça à saúde pública, grave o bastante para que o Ministério Público apure eventuais omissões das autoridades responsáveis.

(*) Fausto Figueira é médico, deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
(*) Marcos Caseiro é médico infectologista e professor universitário.

FONTE: Diário de Iguape

Um comentário:

Anônimo disse...

Denuncia
Procom de SÃO pAULO VEM multar em Peruíbe lojas concorrentes do tio do diretor do procom.
primeira vitima foi uma loja do calçadao