Trabalho fora de Peruíbe, em uma certa cidade vizinha (sou funcionário publico), o que me obriga a encarar o ônibus da INTERSUL, com os seus péssimos veículos e tarifas caras, e seguir para dentro do Vale do Ribeira, de segunda a sexta.
De início, faz uns tres anos atrás, eu pensava que era uma raridade, um personagem quase que improvável, já que, para Itaririenses e Pedrotoledenses, Peruíbe é uma "cidade grande", onde moradores das duas cidades valeribeirenses mais próximas fazem compras, se divertem....e até buscam empregos. Parecia uma contradição, mas agora vejo que sou parte de um fenômeno mais complexo.
Para o Peruibense (honesto, para os desonestos existem outros caminhos,alguns já citados aqui) que não consegue se integrar ao sistema de produção local, existem duas alternativas:
migrar, o que é o caminho escolhido por muitos, não sendo motivo de vergonha ;
trabalhar em um município próximo, com os seus respectivos prós e contras.
Não vi outro jeito. Tinha cansado de tentar dar murro em ponta de faca, buscando um emprego decente, o qual simplesmente não existia para mim. Existe um momento o qual, depois muito esforço, a pessoa precisa reconhecer que não dá mais, que não tem jeito, sobrando a busca de uma alternativa, o que não é motivo de vergonha alguma, uma alternativa que pode ser melhor.
Prestei um concurso para uma cidade vizinha, lá para dentro do Vale do Ribeira, passei....e consegui a minha CARTA DE ALFORRIA. Me livrei de um circulo vicioso, no qual tomei nojo de pessoas que só enxergam os próprios umbigos, desrespeitando os direitos trabalhistas, previstos por lei, garantidos para QUALQUER TRABALHADOR PERUIBENSE.
Me afastei de um sistema, no qual é possível encontrar pessoas obrigadas a trabalharem sem direito a férias, acima da carga horária prevista por lei, e ATÉ MESMO RECEBENDO COMO PAGAMENTO VALORES ABAIXO DO SALÁRIO MINIMO !!!!!!
Hoje, estou melhor que muita gente que, embora pareça estar bem empregada, em estabelecimentos comerciais bonitos e até glamourosos (falsas aparências ), não têm as mesmas garantias que eu possuo, mesmo estando eu trabalhando, como funcionário publico, em uma POBRE CIDADE DO VALE DO RIBEIRA (estou sendo irônico...não acho Peruíbe rica). E não sou só eu, somos muitos.
De MIRACATU até PRAIA GRANDE (escrevo do que eu sei) existem vários trabalhadores Peruibenses, se locomovendo quase todo o dia, muitos dos quais concursados (não devemos para político nenhum !!!) em repartições publicas, garantindo o pão de cada dia, de forma mais decente do que vários tipos que proliferam por aqui.
Foi a alternativa queeu e outros encontramos, devido a impossibilidade de termos meios dignos de subsistencia na própria terra em que moramos.
Prefiro continuar a encarar, de segunda sexta, a estrada SP-055, também conhecida como ESTRADA DA BANANA (vejam as fotos), tendo como parte da paisagem os bananais de ANA DIAS, do que adular algum vereador em troca de um MARAVILHOSO EMPREGO COMO FUNCIONÁRIO PUBLICO COMISSIONADO MUNICIPAL aqui.
Fazendo assim, não apenas eu (e outras pessoas, do grupo que faço parte) lucro, mas o próprio municipio, já que não colaboro com o círculo vicioso, que tenho mencionado em postagens anteriores.
Não é tão difícil viramos as costas para os manipuladores, e não nos sujarmos como eles.