terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Peruibenses já se parecem com norte-coreanos
Hoje o presidente norte-coreano Kim Jong-il, comemorou seu aniversário, tendo agora 68 anos. Lá ele costuma ser chamado de "pai benevolente". Aquela nação está em uma baita miséria, mas a propaganda o coloca nas alturas.O autoritarismo é terrível, as pessoas lá são quase que escravas, mas são obrigadas a idolatrarem o regime.
O que me faz pensar no drama dos servidores municipais comissionados . Neste carnaval, eles têm sido os palhaços da festa. São tratados assim, pois não possuem escolha. Ou bancam os "voluntários" na organização do carnaval de Peruíbe, uma festividade inútil, que como o Peruíbefest , não traz benefícios duradouros para a cidade, ou....quem for bom entendedor já sacou.
Esses "voluntários" não são remunerados para isso. Não possuem os direitos trabalhistas garantidos aos servidores estatutários, que entraram por concurso. A prefeitura jamais chamará concursados para esse trabalho "voluntário", pois teria que pagar horas extras para eles. Vejam só que economia para os cofres públicos !!! Coisa de gênio. Nos gulags, os prisioneiros também não eram remunerados.
Tal como na nação do medo, os comissionados são obrigados ao silêncio, pois não podem manifestar discordâncias com o PODER. Ou baixam a cabeça, ou estão fora !!! E estar fora pode ser um problema, neste lugarejo tão carente de oportunidades, onde até o subemprego não está ao alcance da maioria. Sei de gente que até vende os eletrodomésticos no tempo das vacas magras, as quais só duram uns nove meses do ano.Compreendem o drama? Ficar desempregado em Peruíbe não é tão grave quanto ficar sem comida em uma aldeia miserável norte-coreana, mas causa um grande sofrimento.
Estou forçando com esse papo de coréia do norte? Essa comparação? É uma crítica com um pouco de humor negro, na qual me sinto no direito de fazer. Peruíbe merece essa comparação, que não é transloucada como parece. Vejam este trecho de um artigo da revista VEJA, que coloquei em um link mais acima:
"Na distopia totalitária de Kim Jong-Il, a população é dividida em três castas: a dos "leais", que compreende de 20% a 30% da população; a dos "neutros", em que se encaixam em torno de 60% dos norte-coreanos; e a dos "reacionários", ou "hostis" – que totaliza 10% ou 20% da população. É com base nessa classificação, com 56 subdivisões, que o governo define se uma pessoa pode ou não cursar a universidade, a quantidade de ração que vai receber e a ocupação que terá ao longo da vida. A família da guia da excursão, como a maioria das famílias autorizadas a morar na capital, pertence à casta privilegiada. A jovem estudou inglês e russo numa das melhores universidades de Pyongyang e já viajou para a China – prerrogativa rara, já que mesmo os moradores da capital têm de ter autorização para se deslocar de uma cidade para outra. Aos 29 anos de idade, bonita e inteligente, ela é uma autêntica representante da elite norte-coreana."
Temos nossas castas por aqui. Sem dúvida, faço parte do grupo dos "reacionários", já que me recuso a aceitar tantos desmandos, o que é inadimissível para certos tipos, que se irritam ante qualquer crítica aos nossos governantes, para eles seres sagrados. Mas como eu não trabalho na prefeitura, e nem na cidade, estou livre para me opor. Já os comissionados estão divididos em subgrupos, espalhados entre os "leais" e os "neutros". Mas alguns já passam para lado dos "hostis", tamanho é o descontentamento, que tem de ser bem oculto, pois o castigo para a "dissidência política" deles é o desemprego, o campo de concentração peruibense.
Na foto acima, em Pyongyang, norte-coreanos reverenciam a estátua de Kim Il-sung, pai do ditador Kim Jong-Il. Lá o pai passou o poder para o filho, adorado como um Deus. Estarei querendo dizer alguma coisa? Fazer uma analogia? Sei lá, do jeito que está, com a própria mídia local adulando o nosso "grande líder", colocado na condição de secretário da prefeita (e filha dele), vemos um ridículo culto da personalidade sendo gestado. Quem critica a dinastia bargieriana nas TVs locais? As entrevistas com o "pai" são quase que monólogos, nas quais o entrevistador facilita para o sujeito, já merecedor de pelo menos um busto de bronze, no estilo do realismo socialista, o qual podia ser colocado lá na praça principal.
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