domingo, 3 de abril de 2016
DENISE CAMPOS DE TOLEDO / QUEDA NAS IMPORTAÇÕES MELHORA BALANÇA COMERCIAL - ABRIL DE 2016
Os dados da balança comercial parecem propaganda enganosa. O saldo é ótimo, o melhor em 28 anos, mas não vem de uma expansão do comércio exterior do País, mas sim de um encolhimento, com as importações caindo muito mais que as exportações que também estão caindo. Em relação às importações, isso era esperado, pela alta do dólar registrada desde o ano passado e a forte queda do consumo doméstico. E houve uma queda muito acentuada também dos investimentos, é o aspecto mais preocupante, já que compromete a melhoria da competitividade da indústria nacional, que precisa ganhar capacidade de concorrência pra poder ampliar as vendas externas. As compras de máquinas importadas recuaram quase 27% sobre março de 2015. Já a produção local de bens de capital, que são máquinas e equipamentos, caiu quase 26%, no levantamento do IBGE referente a fevereiro sobre fevereiro do ano passado. Temos queda das importações e do consumo de maquinário produzido aqui. Isso quer dizer que a indústria está segurando mesmo os investimentos, diante da crise que o País enfrenta, o que dificulta uma reação. O comércio exterior seria e é a brecha pra retomada de alguma atividade, já que do lado doméstico não há muita condição de expansão das vendas. O crédito caro e mais escasso, a queda da renda e o desemprego vão continuar afetando negativamente o consumo. Com exceção de uns poucos segmentos, de empresas, que já estavam operando no exterior, inclusive multinacionais, o que se percebe é que o dólar mais alto não favoreceu as exportações como se esperava. E ainda tem essa queda mais recente do dólar, relacionada à crise política, que traz mais incerteza para os empresários. Por enquanto, o que se prevê é mais um ano de queda da produção industrial, com todos os ajustes negativos que isso provoca, inclusive em relação ao emprego. A indústria continua demitindo e demitindo muito. Quanto à balança comercial fica, pelo menos, o saldo em dólares, que melhora as contas externas do País, que são um dos poucos dados positivos da nossa economia. A previsão do mercado é que o saldo este ano chegue aos 43 bilhões e meio. Pode bater nos 50. Problema é que não vai trazer resultados maiores em termos de atividade econômica. Eu volto na segunda. Até lá.
MARCADORES: ECONOMIA, RECESSÃO, ALTA DO DÓLAR, QUEDA NAS IMPORTAÇÕES, GOVERNO DILMA / PT
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