segunda-feira, 18 de abril de 2016
DENISE CAMPOS DE TOLEDO / MERCADO MAIS REALISTA SOBRE MUDANÇAS DE GOVERNO - ABRIL DE 2016
Parece estranho o fato de o mercado, que torce pelo impeachment, não ter tido uma reação animada no dia seguinte à votação na Câmara. O motivo, em parte, é esse: o mercado, quase eufórico, antecipou o fato. A bolsa subiu demais, dando espaço agora pra chamada realização de lucros. Quem ganhou embolsa, por receio de algum tropeço, que pode ocorrer mesmo até porque só o impeachment não vai garantir um desempenho efetivamente melhor da economia e das empresas. Apenas abre mais espaço para que isso possa acontecer. Já o dólar interrompeu a queda com a atuação pesada do Banco Central, através da venda recorde de contratos de swap cambial reverso, que são um compromisso de compra futura da moeda. O Banco Central enxuga a oferta pra sustentar a cotação em nível mais alto. Com isso quer evitar que uma queda muito forte possa prejudicar a melhoria de competitividade da produção nacional, das exportações, que deve ocorrer com o dólar mais alto. Agora, é fato também que o mercado está sendo realista com relação aos efeitos da possível mudança de governo. Conta com uma gestão mais eficiente, que reorganize a economia, estabeleça perspectivas melhores e mais confiança, levando à uma retomada da atividade. Mas isso não vai reverter a crise de uma hora pra outra. A recessão deste ano já está dada. Se vier mesmo o impeachment e o novo governo acertar a mão, na escolha da equipe e dos primeiros passos da política econômica, lá para o quarto trimestre pode alcançar algum resultado em termos de reativação da economia. Mas, pra isso, é preciso, também, que o processo caminhe rápido no Senado. Quanto mais demorar, maior a paralisia de decisões e a trava na economia. Previsão melhor, como vimos, só para a inflação. Até pela previsão de recessão pesada, com queda do consumo, o que induz as empresas a segurarem os aumentos. Além disso, houve a queda da tarifa de energia e tem o dólar mais baixo, que também ajuda. Agora uma observação: um telespectador me mandou uma carta me questionando por ter falado, na semana passada, em queda da inflação. Eu não disse que a inflação está baixa. Só está menos alta, por esses fatores que eu citei. Mas uma inflação prevista em 7%, para o final do ano, ainda pesa no bolso, prejudica muito o poder de compra e acaba atrapalhando a retomada de atividade já limita o consumo. Eu volto na quinta. Até lá.
MARCADORES: IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DILMA, RECESSÃO, POSSIBILIDADE DE MELHORA
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