No próximo domingo de páscoa, muitas crianças só ganharão ovos de chocolate graças à doações. Falo de uma sobremesa que promoverá alegria em vários lares peruibenses, no dia depois de amanhã, mas que se encontra inalcançável para muita gente humilde desta cidade, nestes tempos de pandemia, considerando que dificuldades sociais locais só se agravaram de 2021 para cá.
Passo aqui uma simples mensagem: Jesus, o profeta que foi crucificado nesta data, jamais propôs uma reforma coletiva, mas sim uma mudança individual, também defendida por diferentes profetas citados no antigo testamento e pelos primeiros santos da igreja católica. Isso diz bastante para muito morador desta cidade, que prossegue acreditando em esforços coletivos que não frutificam, nas autoproclamadas "vozes do povo" que "lutam pela cidade" e "ficam à frente" (do que, francamente eu não sei), em vez de pensar por si mesmo. O fato é que se algumas pessoas de uma sociedade melhorarem a si mesmas, mesmo não formando uma maioria, elas poderão influenciar o meio social em que vivem para melhor, mas esse é um assunto demasiado filosófico para ser sequer debatido aqui. E quando digo aqui, me refiro ao município em que moro, simples assim.
Como consequência, prossigo sendo um individualista cético político, que não acredita na política municipal como um meio pra que se alcance a tal Peruíbe "ideal", mera fantasia de novela das seis dos anos oitenta e noventa. E como seria essa cidade idealizada? Vejamos: teria uma juventude descolada surfando e se divertindo em praias sempre limpas; ausência de prédios altos; ruas arborizadas; indústrias "não-poluentes" (pois é); empregos formais e com carteira assinada para a maioria dos trabalhadores; fim das enchentes; inexistência de eventos barulhentos e ilegais como pancadões; um grande hospital (pois é, de novo); hotéis e pousadas movimentados mesmo fora da temporada, e o que mais qualquer classe média paulistano recém-chegado (e deslumbrado) quiser imaginar.
Encerro este artigo dizendo o óbvio: Peruíbe se recuperará após a conclusão da pandemia e o fim definitivo dos lockdowns, mas estará ainda mais distante dos sonhos da turma que se considera a elite intelectual municipal. E viva Jesus Cristo, defensor da maior minoria da humanidade: o indivíduo, que mesmo sozinho pode fazer a diferença.
MARCADORES: FERIADO DE PÁSCOA EM PERUÍBE, SEXTA-FEIRA SANTA, JESUS CRISTO, FILOSOFIA, PANDEMIA, COVID-19, LOCKDOWN, ABRIL, 2021