segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Destruição em São Luiz do Paraitinga começa a ser avaliada



Eram 11 horas da manhã de ontem quando ruiu a primeira torre da Igreja da Matriz, construída no século 19, em São Luís do Paraitinga, no Vale do Paraíba. Uma grande onda de água se formou nas águas do Rio Paraitinga, que cobriam as ruas da cidade. A forte correnteza levou abaixo, logo depois, a segunda torre da Matriz e três casarões vizinhos tombados pelo patrimônio histórico. Moradores que viam a cena, ilhados nas ruas de paralelepípedo da parte mais alta da cidade, começaram a chorar.

As cheias que atingiram Paraitinga nos últimos dois dias ameaçam um dos mais importantes patrimônios culturais do Estado. Ainda é impossível saber quantos casarões ficaram de pé, entre os mais de 90 tombados - 10 já vieram abaixo.

A Igreja de Nossa Senhora das Mercês, do século 18, que contém rara imagem de Nossa Senhora grávida, também ruiu. Só uma das igrejas da cidade sobrou. "São prédios da época do café construídos em taipa de pilão, técnica onde o barro é socado com a pedra, que fica muito vulnerável às águas", explica o engenheiro civil Jairo Borrielo, morador da cidade que teve a casa coberta.

Nas ruas do centro histórico, completamente submerso, só era possível enxergar o topo de postes de luz e os picos dos telhados das casas com dois andares ou mais. Desde as 2 horas da madrugada, a energia da cidade foi desligada para permitir que o tráfego de botes de resgate ocorresse sem riscos de se enroscar nos fios. Só se sai e chega à cidade de barco.

O rio subiu cerca de 10 metros e cobriu a delegacia, o mercado municipal, a maioria das pousadas, escolas, postos de saúde, hospitais, deixando quase toda a cidade embaixo d"água. Mais de 5 mil moradores estão desabrigados, metade da população, mas ninguém morreu graças à agilidade das equipes de rafting que começaram a resgatar os desalojados desde anteontem (veja ao lado). "O maior consolo é que não temos vítimas. Mas falta tudo, água, remédios, comida, já que mercados, postos de saúde e todo o resto ficou submerso", disse a prefeita Ana Lucia Bilardi Sicherle, que também ficou com a casa submersa.

Na maior enchente da história da cidade, nos anos 1930, a água atingiu o segundo degrau da igreja da Matriz. As cheias de ontem cobriram até o belo altar de mármore da igreja e as águas passaram dos 4 metros. Técnicos da Defesa Civil explicaram que a chuva que caiu sobre os Rios Chapéu e Paraitinga motivaram as cheias. As ruas começaram a encher na manhã de anteontem. Por volta das 14 de anteontem, ainda era possível se entrar e sair da cidade. A ponte e os demais acessos da cidade foram cobertos pelas águas na madrugada de ontem. O tradicional carnaval do município está ameaçado.

FONTE ESTADÃO ONLINE

Peruíbe não está livre de uma tragédia dessas proporções. Nosso município não está preparado, lembrem-se da última enchente e, principalmente, lembrem-se do que ocorreu por aqui em 1979.

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