domingo, 25 de setembro de 2022

sábado, 24 de setembro de 2022

O ALTAS HORAS DE 2022 VERSUS O SUPERCINE DE 1987 (CONTO) - SETEMBRO DE 2022





Numa fria noite de sábado, o primeiro da primavera de 2022, o rapaz das entregas resolveu fazer algo raro naquela casa: ver um programa de televisão da famosa emissora do plim plim. Arrumou algo para comer, pegou um cobertor, e foi para o sofá, enquanto a família dormia em seus quartos. Ligou a TV, e assistiu o pouco de algo que simplesmente não o empolgou.

Viu um cenário no qual o entrevistador e entrevistados estavam no meio do palco, cercados por uma numerosa plateia, que de vez em quando fazia perguntas aos artistas ali presentes. Para alguém acostumado com podcasts no youtube, aquilo tudo lhe parecia antiquado. E as pessoas ali entrevistadas lhe eram ilustres desconhecidas, embora fossem apresentadas na condição de famosas. E de repente, o pai (que tinha se levantado para tomar água), olhou o que ele fazia e disse:

"Caramba, pensei que esse programa já tinha saído do ar. Alguém ainda assiste isso?", perguntou, olhando por trás do sofá.

"Tem eu vendo, né? E agora contigo são nós dois, no bairro todo, eu acho." Aquela noite curitibana - e caximbense - estava tão tranquila, que ambos concordaram que dava para escutar o silêncio.

"Quando eu era criança nos anos oitenta, tinha algo muito melhor, e no mesmo horário. Era uma sessão de filmes que começava lá pelas nove e meia da noite, depois da novela das oito. Passava muito filme bom, que várias vezes assistia sozinho, que nem você agora. Lembro de um sábado que fiz vários sanduíches de mortadela, abri uma garrafa de tubaína, e como ninguém acordou, também assisti a sessão de gala e varei a madrugada até o coruja colorida. Me divertia muito naquelas noites", disse, sentindo saudade.

"Mas não é melhor agora?", perguntou o filho. "Com a internet, sobram opções, tem muita coisa interessante, né?"

"Se fosse mesmo assim, estaria aqui vendo esse programa chato? Você não tem ideia de como a TV daquele tempo tinha qualidade. As opções eram poucas, mas o nível era muito melhor", disse, enquanto abria a geladeira, pra fazer um sanduíche, como que tentando repetir aquela distante diversão da infância.

"Por que era melhor?, perguntou o rapaz. "A principal emissora tinha muito mais audiência do que atualmente, e bem menos concorrência do que hoje. Podia passar qualquer porcaria, que o povo veria de qualquer jeito, né?"

"Isso é meia verdade", respondeu o pai. "Tinha muita bobagem, é claro, mas havia uma diferença: não existia a lacração. Naquelas noites nunca vi filme com mensagem, feito pra me doutrinar. O negócio de quem produzia os filmes era ganhar dinheiro fazendo algo pra entreter, e a TV passava o que as pessoas queriam ver, simples assim. E olha pra eles", disse, apontando para a televisão. "O que essa turma  dizendo interessa pro povo? Para alguém que conhecemos? Cara, é como se nós e eles vivêssemos em planetas diferentes."

E empolgado, o pai prosseguiu: "e quando não gostava do filme que exibiam, mudava para o Perdidos na Noite, muito melhor do que isso aí. Assisti o Engenheiros do Hawaii, Ira e Legião Urbana lá. Isso que era cultura de verdade, e sem os recursos de agora."

"Mas", perguntou o filho, "falando da tua noitada dos sanduíches de mortadela, tubaína e três sessões de filmes, foi tão divertida por quê? Para se lembrar assim, foi muito bom, né?"

"Entenda. Era 1987, tinha 13 anos, e estávamos numa crise danada. Videocassete era ficção científica pra gente, só podia sonhar. Teu avô tinha ido trabalhar em São Paulo numa obra; tua vó faxinou pra fora naquele dia, e foi dormir logo depois de ver a novela Roda de Fogo, de cansada; e teus tios eram bem pequenos e também tinham ido pra cama. Disse pra ela o que queria fazer de noite, e ela concordou, desde que a TV não ficasse com o som alto, e até deu um dinheiro para comprar algo pra comer. Fui ao mercado, me 'abasteci', e em casa esperei a hora chegar. Noite silenciosa, que nem hoje, a sala escura, frio, e eu com cobertor no sofá, e me sentindo mais velho, fazendo que nem adulto. Coisa de criança pobre da época."

"Os filmes foram bons? Lembra deles?"

"Sim, lembro dos três, mas só recordo o nome do primeiro."

"Qual é?", indagou o filho, interessado pela cultura cinéfila oitentista do progenitor.

"Se chama O enigma do Outro Mundo. Por ser de terror, fiquei sem dormir até as cinco da manhã, daí aproveitei e vi os outros. Pô, teve uma cena em que a barriga de um cara se abriu, saiu uma cabeça com o rosto dele mesmo lá de dentro, e os caras tiveram que botar fogo nela! Me assustei, mas gostei", disse, e riu.

E após muita conversa, os dois fizeram uns miojos para saciar de vez a fome e resolveram "encerrar a noitada", substituindo o programa da TV aberta pelo streaming de um filme antigo, que o pai não via desde a infância, para revê-lo com o rapaz.




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MARCADORES: SÁBADO À NOITE, PROGRAMA SUPER CINE NOS ANOS OITENTA, FILMES, CINEMA, CULTURA POP OITENTISTA, PROGRAMA ALTAS HORAS, SETEMBRO, 2022

PODCAST PodOpinar Sem Censura: ENTREVISTA COM CABO ANDERSON - SETEMBRO DE 2022

PERUÍBE: PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DE PRIMAVERA, TEMPERATURA EM 16°C - SETEMBRO DE 2022




O início da primavera em Peruíbe não tem sido acompanhado de um aumento das temperaturas noturnas. Na madrugada de sexta-feira pra sábado, a temperatura registrada foi de 16 graus, frio para setembro nesta cidade. Dizem que o verão promete muito calor. Quero só ver.

POSTAGEM ZOEIRA: GRAÇAS AO LULA, ESTE PERUIBENSE DESCOBRIU QUE TAMBÉM É CAPIAU (DE PERUÍBE) - SETEMBRO DE 2022




Este paulistano de nascimento, peruibense por naturalização e vale-ribeirense por opção, afirma que a narrativa do "capiau de Registro", criada pelo ex-presidiário Lula, só vai fazer mais eleitores do Vale do Ribeira virarem as costas pra ele, simples assim! Acho que ele quer ver Bolsonaro vencer no primeiro turno, só pode ser! Ah, descobri que sou capiau de Peruíbe, nano desu!


Significado de capiau: habitante do mato, mulher ou homem que não vive na povoação, habita o interior. Em geral não possui instrução ou trato social, não sabe vestir-se ou apresentar-se em público, em virtude de seu jeito tímido e desajeitado.





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MARCADORES: LULA NO PROGRAMA DO RATINHO, CAPIAU DE REGISTRO (O LULA QUE FALOU!), VALE DO RIBEIRA, CAPIRA DO INTERIOR PAULISTA, LULA AJUDANDO BOLSONARO A SER REELEITO PRESIDENTE NO PRIMEIRO TURNO, SETEMBRO, 2022

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

POSTAGEM ZOEIRA: O PRESIDENTE LULA VENCERÁ A ELEIÇÃO NO 1° TURNO - SETEMBRO DE 2022

 




Faz tempo que eu quero usar essa imagem ridícula: nada como criar uma oportunidade!








musiquinha oriental para relaxar, enquanto a eleição não chega!


MARCADORES: ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE 2022, #lula, #lulapresidentedobrasil, (TAG PARA ENGANAR ESQUERDISTA. SÉRIO QUE SÓ AGORA VOCÊ PERCEBEU?), PEGADINHA DO BOLSONARISTA, SETEMBRO, 2022

sábado, 17 de setembro de 2022

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

DEUS ABENÇOE O BRASIL (CONTO DO DIA 7 DE SETEMBRO) - SETEMBRO DE 2022




Naquele 7 de setembro em Curitiba, o rapaz das entregas não pegou folga. Prosseguiu com seu trabalho uberizado, entregando comida pronta para um povo que após os aguardados desfiles, voltou para casa e nem queria perder tempo fazendo almoço, optando em pedir algo rápido e assim voltar logo para as ruas, para participar das tão aguardadas manifestações verde-amarelas. De corrida em corrida, entendeu que aquele não seria um feriado comum, mas um dia da independência muito especial, como jamais tinha visto em sua vida.

Quando chegava nas casas e prédios, era comum ser recebido por pessoas vestindo camisas do uniforme da seleção brasileira de futebol, algo inusitado para ele, considerando que a Copa estava marcada para novembro. Viu muita gente contente naquela data festiva, mas também percebeu um clima de seriedade no ar, como se o destino do próprio país fosse ser decidido nas próximas horas.

Na última correria, foi recebido pela última garota, a qual tinha feito um pedido grande, para alimentar ela, o companheiro da mesma e os pais dela, que vieram para participar do evento lá. Como a moça e o amado já o conheciam de Peruíbe (e do shopping em que ela trabalhava, todos membros de uma pequena colônia cheia de rostos conhecidos), tratou de perguntar:

"E aí, vai também?", indagou. "É tudo ou nada, hoje é decisivo pra gente."

"Não sei ainda", respondeu, enquanto imprimia pra ela o comprovante de pagamento da compra. "A bike que estou usando é alugada. Depois que terminar aqui, vou devolvê-la e passar no restaurante. Será que dá tempo?"

"Claro que dá. Meus pais estão com a Doblò deles, tem lugar pra você, se quiser participar. Depois que voltarmos do Centro Cívico, eles querem visitar uma conhecida no Guaíra. Aí a gente te dá carona até lá, e você pega o ônibus pra Caximba. Que tal?"

O rapaz topou, e não muito tempo depois, estavam todos indo para o local da manifestação. Chegando lá, ao ver uma enorme multidão colorindo as ruas num tom bicolor, ele se sentiu tomado por um sentimento de satisfação e - mais importante- de pertencimento, por fazer parte de algo que beneficiaria a todos, inclusive seus pais e irmãos, que num distante bairro mais ao sul, aguardavam pelo seu retorno, com notícias sobre aquele dia que considerou abençoado por Deus.







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