Segundo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), Peruíbe teve um saldo positivo de 36 empregos formais, ou seja, com carteira de trabalho assinada, em julho. Para os pessimistas esse número pode parecer pequeno, mas numa cidade com pouco mais de setenta mil habitantes, cujo mercado laboral é predominantemente informal, essa quantidade de novos postos de trabalho é expressiva, sinal de um novo ciclo de melhoras reais. Basta dizer que esse crescimento (focado no setor de serviços) não ocorreu durante a temporada de verão, mas na chamada baixa temporada do inverno.
MARCADORES: DESEMPREGO, GERAÇÃO DE EMPREGOS EM PERUÍBE, NOVAS VAGAS DE TRABALHO, MERCADO LABORAL, CAGED, SETOR DE SERVIÇOS, SETEMBRO, 2022
Quando um peruibense se revolta contra os problemas de Peruíbe, uma cidade aparentemente muito disfuncional, existem duas soluções: protestar ou partir. A migração reduz a pressão por protestos, o que reduz (de novo) qualquer possibilidade de mudança interna (por diminuição do número de descontentes), mas aí os problemas serão dos que ficam, e não daqueles que foram embora.
MARCADORES: BRASIL, ELEIÇÃO PARA O SENADO BRASILEIRO, MARCOS PONTES CANDIDATO AO SENADO, PRESIDENTE BOLSONARO REELEITO, TARCÍSIO DE FREITAS GOVERNADOR, SETEMBRO, 2022
MARCADORES: COMEMORAÇÕES DO 7 DE SETEMBRO NO RIO DE JANEIRO, BOLSONARO DISCURSA NA PRAIA DE COPACABANA, MILHÕES DE BOLSONARISTAS NAS RUAS, SETEMBRO, 2022
MARCADORES: 7 DE SETEMBRO EM PERUÍBE, UM ESQUERDISTA MILITANTE OLHANDO O CELULAR, PERUIBENSE BOLSONARISTA (OLHA EU AQUI!), MILHÕES DE PESSOAS NAS RUAS, PRESIDENTE BOLSONARO, BOLSONARISTAS EM MANIFESTAÇÕES, SETEMBRO, 2022
Estranho Bolsonaro atrair tanta gente para a tão distante Brasília em um feriado (pois é), e o Lula (o cara que está em primeiro lugar nas pesquisas), não consegue lotar uma rua aqui em Peruíbe. Olha só o povo na explanada dos ministérios! Cara, já era pra esquerda!
MARCADORES: BRASIL, COMEMORAÇÃO DO 7 DE SETEMBRO EM BRASÍLIA, BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA, DISCURSO DO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO, 7 DE SETEMBRO DE 2022
Era uma manhã fria de sábado, quando a última garota foi caminhar pela praia. Ela e o namoridoresolveram visitar Peruíbe no primeiro fim-de-semana de setembro, e ficaram na casa dos pais dele, localizada no lado praiano do centro (a parte próxima da orla). Fez um passeio solitário, enquanto sentia uma baixa temperatura (para o padrão climático peruibense) e via no morro um cenário futuro de chuva se anunciando. Aliás, era a primeira vez que visitava a cidade, em cerca de dois anos. Pois é, dois longos anos.
A agora distante Curitiba tinha se tornado seu lar, e a terra do sol poenteum local de boas e tristes lembranças, onde vários de seus parentes seguiam morando. Retornar continuava sendo uma ideia tola, pois se sentia bem na famosa metrópole sulista. Um bom emprego, apartamento confortável próximo ao local de trabalho, novas e boas amizades, e a companhia de alguém que desistira de Peruíbe para ir viver ao lado dela, tudo isso ela valorizava. Mas a saudade prosseguia insuperável.
A condição de peruibana(nascida na terra, de acordo com os caiçaras) alimentava esse sentimento, mas tanto para ela quanto para o amado, um retorno não seria prático, apesar de todas as mudanças que testemunhou, desde a noite de sexta-feira, quando chegou.
Nas recentes conversas ao vivo com familiares e amigos, ninguém mencionava a palavra pandemia, e era evidente uma grande mudança no comércio local. Lojas novas e movimentadas, mais carros nas ruas e um visível aumento populacional, ou seja, mais gente ficando do que indo embora, e outros vindo. Com a recuperação econômica do país também atingindo aquele recanto do litoral paulista, estaria a tão aguarda prosperidade, sonhada por tantos moradores, finalmente chegando?
Foi o que perguntou para si própria, após quase madrugar para ver o sol nascer na praia. No curto caminho, reparou em casas que sabia serem velhas sendo reformadas, outras novinhas ocupando terrenos que até pouco tempo atrás estavam cobertos de mato, e carros novos estacionados nas garagens. Quando migrou, a paisagem urbana por ali não era tão agradável, muito pelo contrário. A cidade já tinha mudado tanto desde que tinha partido, que se tivesse demorado mais para visitá-la, provavelmente acharia algumas partes dela irreconhecíveis, e isso num sentido positivo. Então entendeu que um novo tempo, marcado pela reconstrução social e urbanística da terra em que nasceu tinha de fato chegado.
Mas algo a preocupava: e se tudo mudasse para a pior? Na capital paranaense, ela e uma colega de trabalho (a garota do sonho) conheceram num restaurante uma argentina, que não lhes disse boas coisas, sobre o governo do país do qual resolveu imigrar, tendo se mudado para a vizinha Santa Catarina. A amiga de Florianópolis também contou sobre o número crescente de portenhosque trocavam Buenos Aires pela ilha da magia. Os hermanos fizeram uma escolha sinistra com um resultado igualmente sinistro. E sabia de gente no lado de cá da fronteira, defendendo uma mudança similar. Tudo o que ela e o companheiro tinham conseguido até aquele momento, não foi sem dificuldades, e um evento marcado para ocorrer dentro de exatamente um mês, lhe preocupava um bocado.
Segundo uma piada que tinha lido em uma rede social, no próximo dia dois de outubro, os eleitores decidiriam se viveriam em um país no qual prosseguiriam passeando com os cães, ou se mais adiante lhes destinariam um fim "culinário", tal como aconteceu numa nação vizinha mais ao norte. E agora, o que aconteceria mais adiante, com os pets e os donos dos mesmos?
E a última garota prosseguiu nesses pensamentos, escutando música e admirando o mar, quando o o celular tocou. Era o amado:
"E aí? O café está pronto, e já busquei pão e queijo", avisou o rapaz, que ela tinha deixado dormindo. "A praia tá tão boa, assim?", perguntou.
"Sim, está ótima, e já vou voltar. Ah, tem uma coisa: você vai mesmo naquela manifestação do sete de setembro, em Curitiba?"
"Sim, é claro que vou. Isso é decisivo. Ou a gente mostra força, ou perde o país. Ah, até aqui em Peruíbe têm preços em promoção no mercado!", disse em tom de galhofa. "Só quero que isso prossiga, simples assim."
"Então, eu também vou", ela disse.
"Você nunca ligou pra política", respondeu o rapaz. Está preocupada com a situação?"
"Estou sim. Quero o melhor para nós dois, e para todo mundo. Diga aos teus amigos que vou participar. E acha que vou te deixar sozinho no meio daquelas bonitonas? Nem pensar", concluiu, e desligou, antes do rapaz dizer mais alguma coisa. E assim, voltou para a residência dos sogros, pensando em convidar os pais para passarem o dia da independência juntos, pois entendeu a importância daquele dia futuro, para todos ... e para o Brasil.
Para rir um pouco (depois da eleição eu mudo de vídeo, tá ok?)
MARCADORES: MÚSICA DOS ANOS OITENTA, CANÇÃO OITENTISTA, MR.MISTER, CANÇÃO BROKEN WINGS, ROMANCE, CULTURA POP, SYNTHWAVE, POSTAGEM PARA ENGANAR OS ALGORITMOS DA INTERNET (SERÁ QUE NÃO DEVERIA DIZER ISSO? AH, AGORA JÁ ERA!), SETEMBRO, 2022