O texto abaixo foi originalmente publicado neste blog em fevereiro de 2013, mas por ele ser TÃO ATUAL, o reproduzo. Em Peruíbe não existem progressos, apenas variações para trás.
"Esta semana é bem diferente da passada, pois pode se dizer que a temporada de verão acabou. Esse período, que vai da véspera do natal ao final do carnaval se encerrou. O número de desempregados voltará a ser elevado, sendo que muitos correrão o risco de, quanto mais demorarem para arrumar novas ocupações, mais rápido caminharão para a miséria. Escrevo sobre gente que ficou "numa boa" por apenas uns dois ou três meses. Homens e mulheres nascidos na cidade ou que cresceram aqui, na sua maioria entre os vinte e os cinquenta anos, muitos com filhos pequenos, muitas contas para pagar, e cujas perspectivas de retorno ao mercado de trabalho fora da temporada serão escassas. Pessoas que cedo ou tarde precisarão trabalhar ganhando bem menos do que o necessário, se tiverem tal sorte, para não serem chamadas de vagabundas. Gente que precisará se ajustar a ociosidade - o que não significa aceitá-la - e a partir daí buscar um novo rumo.
Muitos jovens universitários só poderão iniciar suas carreiras profissionais lá fora. Aquela que é sem dúvida a mais bem qualificada geração peruibense (nunca teve tanto morador daqui em cursos de ensino superior e de nível técnico) tende a partir em massa, para não se sentir inútil, dispensável e parte de um grupo de gente que não se encaixa, forçada a ficar à margem, embora com melhor instrução. Essa migração só tende a contribuir para uma "desertificação de ideias" nesta cidade, podendo até mesmo estagnar o crescimento demográfico.
O que eu não entendo nesta cidade é a dificuldade em se aceitar o fato de que o grande problema de Peruíbe não é o SUS local com as suas conhecidas deficiências, mas o desemprego de longa duração ao qual toda uma massa de trabalhadores tende a ficar novamente submetida, agora que os turistas se foram. Para piorar, neste ano não falta por aí muito peruibense jovem deixando a adolescência, e que como adulto, corre o risco de demorar um bocado de tempo para ter a experiencia de um emprego, uma carreira, uma vida profissional, enfim, essas coisas normais que fazem (eu acho que fazem) parte da vida de qualquer ser humano capaz de trabalhar. Essa mão-de-obra farta e subaproveitada tende a ser muito barata para possíveis empregadores, o que (como já disse em outras postagens), contribui para os baixos níveis salariais locais.
Como consequência disso tudo, é apenas normal que qualquer descontente revoltado troque um trabalho precário e bem pouco rentável por uma passagem de ônibus em algum veículo da Breda, Intersul ou Catarinense e simplesmente saia daqui.
A temporada de verão terminou, mas o drama de muita gente está apenas começando."
Escrevi o texto acima a três anos atrás, ou seja, num tempo em que o Brasil não atravessava uma crise tão medonha quanto a atual. Uma futura - mas previsível - recessão parecia fantasia catastrofista aos fãs da dupla dinâmica Lula / Dilma. Mas a conta da política populista de ambos chegou, e no caso de Peruíbe, afeta seriamente uma cidade despreparada, cujo desemprego costuma ser alto mesmo nos períodos em que a economia nacional se encontra melhor. A temporada de verão que se encerra agora foi a mais fraca em anos, e incrivelmente barulhenta, com bagunceiros incomodando o sossego alheio durante várias madrugadas.
E aos jovens peruibenses que buscam oportunidades no mercado de trabalho local, apenas peço que enxerguem além daqui.
POSTAGEM RECOMENDADA: CIDADE SEM FUTURO
MARCADORES: PERUÍBE, PERUIBENSE, FIM DAS FÉRIAS ESCOLARES, TEMPORADA DE VERÃO 2015 / 2016, CARNAVAL EM PERUÍBE 2016, EMPREGO / DESEMPREGO, OPORTUNIDADES DE TRABALHO, JUVENTUDE DE PERUÍBE, A FESTA ACABOU ... E AGORA?