sábado, 21 de novembro de 2020

UMA MOÇA, UM ÔNIBUS NOTURNO, E UM PLANO FUTURO (CONTO) - NOVEMBRO DE 2020




Foi uma quinta-feira incomum de novembro, fria e chuvosa. Na volta para casa, já ao anoitecer, ela até usou um agasalho, emprestado por uma colega do trabalho (temporário, mas que quebrava um galho). Mais um dia rotineiro, numa semana pós-eleições, realizadas no domingo anterior.

O ônibus noturno não ficou cheio durante o trajeto, o que a deixou mais tranquila, com pandemia ainda sendo uma realidade. Basta dizer que durante o feriado de finados, ficou longe da praia. Pegou o celular para acessar o facebook, e por acaso viu mais um cansativo debate sobre o pleito municipal. "Esse povo não cansa disso?", pensou.

As eleições tinham sido tranquilas, mas o "clima" após a eleição para prefeito (durante a qual o detentor do mandato se reelegeu), demonstrava a polarização política local. O day after (segunda-feira) foi cheio de lamentações, dentro e fora da internet. Mesmo que o resultado fosse diferente, muitos eleitores prosseguiriam insatisfeitos. E ela indiferente a tudo isso, uma autêntica cética política, descrente para com a possibilidade de grandes mudanças.

No decisivo dia 15 votou no candidato que considerou mais adequado, mas sem esperanças. O argumento tosco "dou meu voto pra quem quem está ganhando, para não jogar ele fora" nunca a enganou, preferindo apoiar o candidato mais confiável para ela, do que alguém supostamente "com mais chances de ganhar". E então, na tranquilidade do busão, recordou-se de um plano futuro.

A prima dela mudou-se meses antes para Florianópolis, onde passou a morar com a avó de ambas, e estava muito satisfeita. Numa recente conversa online, a própria vó disse que "tinha um quarto pra ela", no apartamento, se quisesse se aventurar por lá. Então, ficou combinado que as três assistiriam juntas à queima de fogos do próximo revéillon na ilha da magia. Essa futura viagem não serviria apenas para visitar as duas e fazer turismo, ela também queria ver se uma possível mudança de cidade valeria a pena.

Chegou a pensar em desistir disso (ao viajar, não teria trabalho no pico da temporada de verão), mas o desejo de "mudar os ares" falava mais alto. A própria situação local lhe deu motivação pra isso, preferindo correr atrás do melhor "lá fora" do que esperar por soluções (como melhor oferta de empregos) pouco prováveis num curto prazo para o município. E após chegar em casa, tratou de ter um papo online com a prima, e esquecer um pouco os incômodos daquela semana turbulenta.


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MARCADORES: ELEIÇÕES MUNCIPAIS EM PERUÍBE, POLÍTICA, ESCOLHAS PESSOAIS, FUTURO, NOVEMBRO, 2020

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