Em primeiro lugar, um esclarecimento: EU DETESTO CARNAVAL. E sem essa frescura de "palavra forte", detesto essa bobagem e acabou-se. Não vejo que benefício essa festividade sem sentido traria para minha existência, se por ela me interessasse. A considero uma grande bobagem.
Mas aproveito o já próximo carnaval peruibense (que encerra a temporada de verão) para divulgar um antigo texto meu (de 2013, com algumas modificações), onde trato do mais sério problema social municipal, que vem ano e sai ano permanece, o qual motiva tantos moradores a migrarem, e cujo debate irrita os que idealizaram a cidade, enxergando nela um paraíso praiano digno de novela das seis global.
"A próxima semana é bem diferente da passada, pois pode se dizer que a temporada de verão está no fim. Esse período, que vai da semana natalina ao final do carnaval logo se encerrará. O número de desempregados voltará a ser elevado, sendo que muitos correrão o risco de, quanto mais demorarem para arrumar novas ocupações, mais rápido caminharão para a miséria. Escrevo sobre gente que ficou "numa boa" por apenas uns dois ou três meses. Homens e mulheres nascidos na cidade ou que cresceram aqui, na sua maioria entre os vinte e os cinquenta anos, muitos com filhos pequenos, muitas contas para pagar, e cujas perspectivas de retorno ao mercado de trabalho fora da temporada serão escassas. Pessoas que cedo ou tarde precisarão trabalhar ganhando bem menos do que o necessário, se tiverem tal sorte, para não serem chamadas de vagabundas. Gente que precisará se ajustar a ociosidade - o que não significa aceitá-la - e a partir daí buscar um novo rumo.
Muitos jovens universitários só poderão iniciar suas carreiras profissionais lá fora. Aquela que é sem dúvida a mais bem qualificada geração peruibense (nunca teve tanto morador daqui em cursos de ensino superior e de nível técnico) tende a partir em massa, para não se sentir inútil, dispensável e parte de um grupo de gente que não se encaixa, forçada a ficar à margem, embora com melhor instrução. Essa migração só tende a contribuir para uma "desertificação de ideias" nesta cidade, podendo até mesmo estagnar o crescimento demográfico.
O que eu não entendo nesta cidade é a dificuldade em se aceitar o fato de que o grande problema de Peruíbe não é o SUS local com as suas conhecidas deficiências, mas o desemprego de longa duração ao qual toda uma massa de trabalhadores tende a ficar novamente submetida, agora que os turistas se foram. Para piorar, neste ano não falta por aí muito peruibense jovem deixando a adolescência, e que como adulto, corre o risco de demorar um bocado de tempo para ter a experiencia de um emprego, uma carreira, uma vida profissional, enfim, essas coisas normais que fazem (eu acho que fazem) parte da vida de qualquer ser humano capaz de trabalhar. Essa mão-de-obra farta e subaproveitada tende a ser muito barata para possíveis empregadores, o que (como já disse em outras postagens), contribui para os baixos níveis salariais locais.
Como consequência disso tudo, é apenas normal que qualquer descontente revoltado troque um trabalho precário e bem pouco rentável por uma passagem de ônibus em algum veículo da Breda, Intersul ou Catarinense e simplesmente saia daqui."
O tempo passou, e o texto acima permanece atual, pois na terra da falta de emprego e oportunidades, pouco ou quase nada mudou, ainda mais agora, com uma emenda à lei orgânica municipal, que na prática afastará Peruba City ainda mais de Santos e demais cidades da baixada, e frustrará as fantasias de muitos peruibenses, que sonhavam com uma cidade futurista, parecida com a do vídeo abaixo.
Ah, sim, este morador de Peruíbe também tem um "cronograma" carnavalesco, que publico logo abaixo, típico de um cara que não se interessa em ser folião, ou participar de algum bloco:
Dia 8 de fevereiro de 2018 – Quinta-feira:
-vou estar trabalhando, como tanta gente neste país.
Dia 9 de fevereiro de 2018 – sexta-feira:
-ainda estarei trabalhando, como tanta gente neste país.
Dia 10 de fevereiro de 2018 – sábado:
-atualização do meu canal no youtube e blog. Talvez filme as obras do futuro hospital.
-cortar o cabelo, numa rápida expedição ao bairro da estação.
-ida rápida ao supermercado, de preferência um mais afastado do centro para encarar uma fila menor.
Dia 11 de fevereiro de 2018 – domingo:
-total isolamento em casa, nova ida ao supermercado, só se acabarem os sucrilhos (já fiz estoque).
-nada de canções e marchinhas carnavalescas. Vou escutar alguma rádio online que toque músicas dos anos 80 do século passado, para tentar não escutar os funks bizarros que retardados passando de carro estarão tocando, no último volume.
Dia 12 de fevereiro de 2018 – segunda:
-nova ida rápida ao supermercado, para comprar pão e outro item básico que estiver faltando em minha geladeira.
-mais rádio online com canções o mais anti-carnavalescas possíveis.
-atualização do blog, com algum desabafo sobre a bagunça e o isolamento em casa durante boa parte do dia.
Dia 13 de fevereiro de 2018 – terça:
-ida até a praia, aproveitando que a maior parte da bagunça já acabou.
-mais supermercado.
-mais música online.
Dia 14 de fevereiro de 2018 – quarta:
-volta ao trabalho e a satisfação em ver Peruíbe voltando para aquela rotina de antes da temporada de verão começar. Foram bons dias para descansar, longe de bêbados, pancadões e idiotas tancando espuma uns nos outros.
Para quem ainda não entendeu: GOSTO DO FERIADO DE CARNAVAL, NÃO DA FESTA DE CARNAVAL!
MARCADORES: CARNAVAL EM PERUÍBE, FEVEREIRO DE 2018, FIM DA TEMPORADA DE VERÃO 2017/2018
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