domingo, 9 de março de 2014

CIDADE SEM FUTURO - MARÇO DE 2014




Afirmo que Peruíbe só terá de fato um futuro, se esta cidade evitar a homogeneização imposta pela metropolização da baixada santista, região na qual não é tratada por Santos como um município "irmão" mas na condição de um simples servo (lembrar do caso Porto Brasil). 

 É na antiguidade da cultura caiçara, nessa identidade quase desaparecida por aqui que está a base para o verdadeiro equilíbrio e desenvolvimento sustentável peruibense, pois do contrário esta localidade se tornará "xerox" das demais da baixada*, todas já bem semelhantes entre si, cidades quase que sem nada verdadeiramente de novo ou único para oferecer. 

Peruíbe tem dado pouco valor para a sua própria identidade local e características culturais (ainda preservadas na Barra do Una), o que levou ao surgimento de uma terra na qual sobra o egoísmo e faltam grandes valores, onde impera pouca consciência cívica, ética, e que se desenvolve - pois é, o já típico "desenvolvimento" local - baseada em projetos e objetivos de curto prazo. 

Não tendo como alicerce a cultura PERUIBANA, sem rumo, o desenvolvimento tende a ser feito ao sabor da passagem de administrações municipais e investidores graúdos, na grande maioria forasteiros que, por não terem obrigação de conhecerem as particularidades locais, se limitam a trazer para cá cópias de projetos com as quais se identificam e julgam mais apropriados. 

Nossa Peruíbe só terá um avanço real se  progredir e se desenvolver baseada em alicerces firmes, que necessitam ter na história, tradições e no povo peruibense, o verdadeiro terreno para se consolidar. Assim, certamente serão encontradas soluções para todos os pequenos e grandes problemas que afligem esta cidade.

E quais são alguns desses problemas? Vejamos: uma considerável parte da população formada por trabalhadores mal remunerados e desprotegidos (trabalho informal predomina), escravidão salarial (concurseiros de Peruba City, uni-vos !!!), tensão social crescente (quem pode paga clínica particular, quem não pode se vira com o SUS). Os problemas vão longe.

Espero que Peruíbe se encontre como “Peruíbe”, e que não se caia no erro de querer se tornar uma Guarujá do litoral sul paulista, do contrário o meu famoso pessimismo ficará mais do que justificado.

Sem as escolhas certas, Peruíbe continuará a ser uma cidade sem futuro.


*considero Peruíbe de fato uma cidade vale-ribeirense, que se sairia melhor integrando a região vizinha - Vale do Ribeira - e se afastando da região metropolitana de Santos, mas sei que essa é uma ideia demasiado polêmica para a classe política local.


ORIGEM DA FOTO: (HUMOR PIADAS) REALIDADE DE PERUÍBE


POSTAGEM RECOMENDADA:TEORIZANDO SOBRE O FUTURO PRÓXIMO DE PERUÍBE



MARCADORES: PERUÍBE, PERUIBENSE, PERUIBANO, CAIÇARAS, BAIXADA SANTISTA, VALE DO RIBEIRA , VALE-RIBEIRENSE, VALERIBEIRALIZAÇÃO, POLÍTICA MUNICIPAL, EMPREGO, DESEMPREGO, PROJETO DE TERMOELÉTRICA / TERMELÉTRICA EM PERUÍBE, #USINASIM, #USINANÃO


4 comentários:

Bandeirante disse...

Eu sugiro o seguinte exercício de imaginação ao morador feliz: sem as casas de veraneio, sempre desocupadas, e o comércio que surgiu exclusivamente para atender ao turista, o que seria de Peruíbe? Uma praça e 4 bairros pobres. Na verdade, sem o comércio turístico, haveriam uns dois bairros pobres.
Alguns se felicitam pela natureza e pelo mar, mas infelizmente isso só é vantagem pra quem é macaco ou peixe.
Imagino que seu post seja inspirado em pessoas que bradam pelas interwebs seu contentamento em viver na praia e receber da prefeitura. É uma forma de agradecerem a forcinha que receberam dos amigos. Diante desses indivíduos eu chego a preferir o empresário ganacioso, pelo menos esse gera riqueza e não dá baixaria.

PERUIBENSE LIVRE disse...

Comentário interessante, embora esteja longe da minha visão.

A minha crítica não é contra o desenvolvimento, mas contra o tipo de desenvolvimento. Ora, no que o Show da Ivete Sangalo contribuiu para um município mais rico? Em nada, ABSOLUTAMENTE NADA.

Mas eu garanto que se a prefeitura se preocupasse em divulgar a cultura caiçara, de forma a atrair turistas (eventos culturais caiçaras no centro, não em algum bairro distante, por favor), Peruíbe ganharia mais, MUITO MAIS.

Não sinto contentamento em viver numa cidade praiana e na Juréia mal ponho os pés, mas sinto descontentamento em viver num município que escolheu o caminho do turismo popularesco (sobra suburbano funkeiro enchendo o saco por aqui) e de um mercado imobiliário com valores altíssimos .... que um dia terão de cair, sem PORTO BRASIL ou farsa do Pré-Sal para sustentá-los.

Infelizmente Peruíbe caminha para a pior crise da sua história, resultado de péssimas escolhas, que não serão minimizadas por investimentos de empresários que não se atreverão a perder o dinheiro deles por aqui.

Bandeirante disse...

Talvez meu comentário tenha sido confuso. Não sou a favor da exploração econômica indiscriminada e vejo a preponderância das casas de veraneio como um indicativo de subdesenvolvimento de uma cidade. Afinal, é um espaço desocupado gerando riquezas para fora do município. Mesmo se levarmos em conta que o proprietário paga IPTU e demais tributos, é evidente que moradores de fato geram muito mais riqueza para o município, consumindo produtos e serviços locais diariamente. Infelizmente a principal característica das cidades da Baixada Santista é serem cidades fantasma, vazias na maior parte do ano, com mato crescendo sobre o asfalto ou entre os paralelepípedos das ruas.
O que quis dizer é que, dentre a parvalhice socialista que tomou conta da maioria das cidades do Brasil e o capitalismo predatório, melhor o último. Talvez a vontade dos forasteiros de ganhar dinheiro seja o equipamento que mantém as cidades do litoral sul paulista respirando. Dos males o menor.

De fato, uma cidade precisa de identidade, mas eu não sei se ainda existe qualquer caiçara de verdade antes de Cananéia, quanto mais sua cultura.
Parabéns pelo blog!

PERUIBENSE LIVRE disse...

Bem, vamos ver. Você descreveu a situação de abandono em que ficam as cidades da baixada fora da temporada, situação da qual Peruíbe infelizmente faz parte atualmente.

Aliás, esta cidade é o maior engano da baixada, ridículo que faça parte dela. Em termos geográficos, culturais, históricos e até sociais, este é um município valeribeirense, que em breve terá de escolher entre a ilusão de riqueza da baixada e a realidade da pobreza do Vale.

Francamente, prefiro a segunda opção. Esse veranismo não dá futuro.

Afirmo que não existem caiçaras apenas em Cananéia. Existem muitos por aqui, mas se tornaram minoria devido a migração paulistana e nordestina. Mas a tendência hoje é de redução do movimento migratório para cá (o aumento populacional tende ser mais por natalidade), o que pode dar esperança de recuperação do espaço cultural caiçara, restrito a uma área mínima do território.

Pois é, a aplicação de "soluções" socialistas por aqui também é uma realidade. A mais recente é decisão da prefeitura em subsidiar parte do preço da passagem de ônibus da empresa que atual dentro da cidade. O preço "reduziu" de R$ 2,20 para R$ 1,70, pois o nosso governo municipal paga R$0,50. O serviço melhorou? Muito pelo contrário, o descontentamento predomina. A CONCORRÊNCIA se resume a umas poucas Vans, e vá lá.

Aprovo investimentos externos, mas do jeito que vai, eles pouco geram os empregos necessários para a população. Quem se interessa em construir um Shopping por aqui? Te digo que ninguém, pois o grosso do consumo se resume a temporada. Assim fica difícil.

Agradeço por elogiar o blog, o que é raro. Basta dizer que não sou muito popular por aqui.