Há pelo menos uma década eles agem na rodovia Régis Bittencourt (BR-116), principal ligação entre os estados. A Polícia Rodoviária Federal e as concessionárias responsáveis pela estrada – entre Curitiba e São Paulo, existem seis praças de pedágio – não conseguem coibir a prática. Conforme depoimentos de caminhoneiros, em geral, o crime acontece em São Paulo, especialmente na Barra do Turvo e na Serra do Azeite.
Não existem estatísticas oficiais sobre os arrastões nas estradas. Sabe-se que, em 2009, ocorreram 13,5 mil casos de roubos de cargas no país. O índice é o maior desde 2004 e 8,15% superior ao registrado em 2008. Os transportadores indicam que 96% dos roubos acontecem à mão armada e apenas 4% são, na realidade, furtos simples. Sete em cada dez acontecem em áreas urbanas, e o restante é registrado nas estradas. Esses números, fornecidos pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mascaram a realidade brasileira, pois boa parte dos caminhoneiros não faz boletim de ocorrência de assaltos ou de tentativas de roubos, como nesses arrastões.
Testemunha
A gerente de banco Maria Cristina Ribeiro da Silva, 52 anos, presenciou a ação dos piratas no último dia 3. Acompanhada do marido e da filha de 19 anos, Maria parou atrás de um caminhão em um congestionamento causado por um acidente no quilômetro 506 da Régis Bittencourt, próximo a Jacupiranga (SP). “Apareceram pelo menos dez pessoas armadas, que saíram do mato e foram arrombar a carroceria do caminhão”, conta. Em um ato impensado, ela buzinou para alertar o caminhoneiro. Após ser ameaçada, Maria fugiu pelo acostamento. Em seguida, o trânsito fluiu, e o caminhoneiro não teve a carga roubada. A Polícia Rodoviária Federal de São Paulo diz que esses episódios são “ocasionais”.
Dono de transportadora e ex-caminhoneiro, Dijair Botaro afirma que um motorista de sua empresa foi assaltado exatamente da mesma maneira nessa semana. “Eles tentaram roubar a carga, mas se contentaram em apenas levar dinheiro. Segundo o motorista, eles surgiram absolutamente do nada em um congestionamento”, diz. Apesar de proprietário, Botaro costuma viajar entre São Paulo e Curitiba para “sentir o trecho”, analisando a fiscalização e o custo da alimentação. Nessas incursões, ele também se deparou com os piratas e seus assaltos.
O presidente da União Brasileira dos Caminhoneiros, José Natan Emídio Neto, diz que a ação criminosa com essa característica ocorre em todo o Brasil. “Basta o trânsito ficar lento”, diz. Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado do Paraná (Setcepar), Fernando Klein Nunes lembra que as mercadorias têm sido saqueadas com mais frequência nos últimos anos. “Antes era esporádico, mas é recorrente nos últimos anos. Lembrando que essa é uma prática que acontece nas estradas do Nordeste há muitos anos”, diz. Consequência: aumento do preço do transporte de carga, porque os prejuízos são pagos pela transportadora ou pelo caminhoneiro.
Fonte: Gazeta do Povo
Acho notável que um jornal do Paraná seja o responsável por um artigo exclarecedor como esse, já que Barra do turvo e a Serra do Azeite estão no lado paulista da divisa dos dois estados. Talvez isso se deva ao fato de que a grande imprensa do lado de cá não foca os problemas do Vale do Ribeira como deveria, por motivos que desconheço. Já faz anos que se fala que certos moradores - e monstros - que estão na beira da da Régis Bittencourt sabotam a pista para provocar acidentes, e quase não se fala disso.
Falo de monstros que jogam óleo na pista, para que ocorram acidentes, visando o saque dos caminhões tombados. E o que esses vagabundos não tombam, eles atacam, como é mostrado no artigo. Essa gente é assassina, já matou inocentes aos montes, em nome da cobiça. São a vergonha do Vale do Ribeira, superando até os palmiteiros.
Em Miracatu, no outro extremo da rodovia, não é muito diferente. O comércio de carga roubada ocorre com naturalidade por lá. É uma coisa vergonhosa. Funciona assim:
Fulano de tal recebe uma ligação em seu celular, sendo informado, por uma certo cicrano que podemos chamar de sócio, de que a poucos minutos tombou um caminhão carregado na pista, cheio de latas com atum. O trabalho do fulano consiste em arrumar compradores para o roubo, o que é muito simples, já que sempre tem por aí tipos safados, doidos para comprarem o atum roubado, pois o preço é baixo.
É uma gente tão desavergonhada, que é capaz de parar com carros lotados de saques em frente as repartições públicas, para vender os produtos aos servidores. Isso ocorre em diferentes cidades valeribeirenses - Miracatu é só uma delas - e os efeitos disso chegam até Peruíbe. Pois é.
Barra do Turvo e Miracatu são os pólos dessas barbaridades, "justificadas" pela miséria da região. O ser humano de justifica sempre. Se tombou na estrada, azar do motorista, azar da empresa e azar de quem morreu no acidente, pois muitos motoristas e passageiros de automóveis falecem assim. Se o vagabundo jogou óleo na pista, o problema não é meu, a mortadela que está sendo oferecida para mim tem um preço bem baixo e é isso o que me importa.
Ah sim, Barra do Turvo é o município que de longe mais perde com isso, já que é campeão nacional em taxa média de óbito por acidentes de transporte, o que atrapalha em muito o seu desenvolvimento, embora eu não creio que os que saqueiam estejam interessados em empregos de verdade.
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