quinta-feira, 3 de setembro de 2020
UM TRANQUILO ENTARDECER NA "ILHA DA MAGIA" (CONTO) - SETEMBRO DE 2020
Quando chegou em casa, ela se apressou. Deixou a bolsa num canto da sala, e foi abrir a porta de vidro que dá acesso para uma das varandas do apartamento. No mês anterior, viu o sol "descendo" na ponte Hercílio Luz, e achou maravilhoso. Aquela tarde sem o frio intenso, vento e chuva que caracterizou os dias anteriores, e um céu com poucas nuvens, pareceu adequada para observar um novo crepúsculo na "ilha da magia".
Depois de sentar-se ao chão para olhar a paisagem, ela se lembrou que dias antes, tinha nevado em Curitiba, algo bem inesperado, por ocorrer no mês de agosto e durante um inverno considerado fraco. Pensou na ironia de estar morando numa cidade ainda mais ao sul (em Santa Catarina), e nunca ter visto isso. Uma ex-vizinha e ex-colega de escola, agora "curitibana", lhe mandou registros em fotos e até um vídeo desse evento inusitado, que surpreendeu tanta gente.
Mas a melhor notícia que recebeu era de natureza romântica: o namorado da amiga decidiu, após muita indecisão, também se mudar para a capital paranaense. Sempre torceu pelos dois e se preocupou quando passaram a ter um relacionamento à distância. Numa quente e já distante noite de verão, quando passava perto do ponto I, na praia do centro, os viu conversando na calçada próxima da praia, e involuntariamente, testemunhou o primeiro beijo do casal. Evitou se aproximar pra não "segurar vela", e sentiu satisfação e admiração por ela.
Num passado recente, ambas tinham decidido migrar da "terra da eterna juventude", onde consideravam estar perdendo tempo, por falta de oportunidades. Ela optou pela capital de SC, pois alguns anos antes a avó, viúva e aposentada do funcionalismo público municipal, tinha se mudado para lá, e certo dia a convidou pra que morassem juntas, pois sabia do desejo da neta em cair fora do lugar que ela mesma tinha se cansado. A moça não pensou duas vezes: semanas depois, embarcou num ônibus da viação Catarinense, e aguentou cerca de doze horas de viagem, coisa pouca "pra quem está em busca do melhor" (foi o que pensou, quando soube o quanto duraria a jornada). Se mudou, se esforçou, e não se arrependeu.
Mas enfim, viu o sol poente, bem destacado no horizonte, pouco acima do panorama urbano local. O alto azul do céu contrastou com os tons avermelhados em torno do astro-rei, que lentamente desapareceu por detrás dos edifícios mais longínquos. Aos poucos, a claridade do dia cedeu espaço para uma crescente escuridão, e a iluminação noturna tomou conta das ruas da bela Florianópolis. Ter voltado com mais rapidez do trabalho valeu a pena, sem dúvida foi um bonito entardecer.
A avó chegou em casa mais tarde, depois de visitar uma vizinha, moradora do mesmo prédio. Pediram uma pizza, e se recordaram da saudosa Peruíbe.
E quando foi dormir, concluiu que só lhe faltava algo, sem dúvida, muito importante: conhecer um cara legal, para ela amar e ser amada.
POSTAGEM RECOMENDADA: A "ÚLTIMA GAROTA" PERUIBENSE NO INVERNO CURITIBANO DE 2020 (FICÇÃO ROMÂNTICA FUTURISTA)
MARCADORES: ENTARDECER EM FLORIANÓPOLIS, POR DO SOL, PERUÍBE, PERUIBENSE, SETEMBRO, 2020
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