terça-feira, 18 de outubro de 2016
DENISE CAMPOS DE TOLEDO / CONJUNTURA DÁ ESPAÇO PARA JUROS MENORES - OUTUBRO DE 2016
Os últimos dados de inflação reforçaram muito a possibilidade de corte na taxa básica de juros na reunião desta semana do Copom, do Comitê de Política Monetária do Banco Central. Como vimos, o mercado continua reduzindo as projeções. Teve até a novidade do corte dos preços de combustíveis. Por menor que seja o impacto, a gasolina entra no cálculo do IPCA, que é a inflação oficial. E a expectativa é de uma acomodação maior dos preços de alimentos, sem o comprometimento de safra, no próximo ano, por fatores climáticos, como aconteceu agora em 2016. Se o Banco Central mantém os juros básicos no nível atual, em 14,25% ao ano, com a inflação em queda, na prática, está elevando os juros em termos reais, o que afeta o potencial de recuperação da economia. É certo que os juros cobrados dos consumidores e empresas são muito maiores que a taxa básica. Mas um corte da taxa referencial pode induzir um movimento de redução também na ponta final. E não é só a expectativa de queda da inflação que dá espaço para juros menores, também tem o ajuste das contas públicas. As contas ainda estão muito ruins, com um déficit histórico. Mas a votação em primeiro turno da PEC que vai limitar o aumento dos gastos, na Câmara, foi importante, principalmente, por mostrar que o governo conta com uma boa base de apoio. Base que pode ajudar na tramitação de matérias mais polêmicas, como a reforma da Previdência. E o ajuste também é uma condição para o BC cortar os juros. Enfim, com esse quase consenso do mercado, de consultorias, de que é hora de o Banco Central começar a cortar os juros, perde força a necessidade de uma posição mais conservadora pra recuperar credibilidade. Credibilidade que ficou abalada pelas interferências do governo anterior, da própria presidente Dilma, nas decisões sobre os juros. Agora também tem integrantes do governo falando demais, o que não é bom, mas a conjuntura dá espaço para juros menores. A dúvida maior é se o corte será de 0,25 ou meio ponto. Se não houver corte, o Banco Central vai provocar decepção, até mesmo entre os mais conservadores. Eu volto na quinta. Até lá.
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