terça-feira, 26 de agosto de 2014

A ILUSÃO IRREALISTA




Milhares de peruibenses pobres tiraram proveito das oportunidades criadas pelo crescimento econômico da cidade durante os anos oitenta e noventa do século passado (pois é, já estamos no século XXI) para ascender à classe média. Mesmo assim, milhares de outros peruibenses não alcançaram a classe média. 

Para este grupo, atolado na pobreza e desocupação, os caminhos que outros percorreram num passado recente estão bloqueados. Eles vivem em bairros com equipamentos públicos decadentes, que não lhes dão melhor qualidade de vida. Empregos seguros, com salários pelo menos razoáveis, são para alguns jovens felizardos, recrutados pela expansão das grandes redes varejistas. As tendências econômicas tradicionais significam que eles têm muito mais probabilidade de ficarem desempregados durante a maior parte do ano (ou seja, fora do período da temporada), do que peruibenses que ficam mais acima na pirâmide social. 

Cada vez mais, estes munícipes que foram deixados para trás estão invisíveis. Seus bairros ou sofrem com especulação imobiliária — o que significa que vários deles em breve terão dificuldades para continuar a morar nos mesmos locais — ou são simplesmente evitados pelo desenvolvimento (grandes investimentos estatais e privados). O que acontece em bairros habitados por peruibenses pobres tem pouco a ver com a vida diária da classe média praiana desta cidade.

Me desculpem a redundância do título do texto - se é ilusão, ela só pode ser irrealista - mas ele serve para reforçar um fato: o de que muitos moradores só melhorarão suas respectivas condições sociais migrando. Na situação que descrevi não existe e jamais existirá uma administração pública municipal que dê jeito, de forma a beneficiar a todos, e quem pensa o contrário é adepto de uma ilusão irrealista.


MARCADORES: PERUÍBE, PERUIBENSE, POLÍTICA MUNICIPAL, PREFEITURA, PROBLEMAS PERUIBENSES, AGOSTO DE 2014, ELEIÇÕES DE 2016

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