quarta-feira, 27 de julho de 2011
ANDERS BEHRING BREIVIK GANHA SIMPATIA (!?) DE POLÍTICOS EUROPEUS
Apoio a terrorista choca a Europa
Na Itália e na França, políticos manifestam apoio aos ideais de Anders Behring Breivik, o terrorista que matou 76 pessoas na Noruega na semana passada
Redação Época
O horror que Anders Behring Breivik provocou, na sexta-feira passada, ao matar 76 pessoas em Oslo, capital da Noruega, e na ilha de Utoya, terá impacto a longo prazo na Europa. O massacre foi capaz de colocar em destaque o crescimento das ideias extremistas na Europa diante da cada vez maior presença de imigrantes no continente.
O caso mais claro de apoio a Breivik veio da Itália. Na terça-feira (26), o eurodeputado Mario Borghezio, da Liga Norte, partido de extrema-direita aliado ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi, escandalizou o país com uma entrevista no programa La Zanzara, da Radio 24 (ouça o áudio, em italiano, no site do jornal La Repubblica). Questionado sobre os atos de Breivik, disse que “compartilhava” ideais com o assassino norueguês, como a percepção de que “a Europa perdeu a batalha com o Islã antes mesmo de enfrentá-lo”. “Algumas das ideias são boas, a não ser a violência. Algumas delas são ótimas”, afirmou.
Os comentários provocaram revolta na Itália e pedidos para que Borghezio pedisse demissão do cargo de eurodeputado. Diante das críticas, políticos importantes da Liga Norte, como o ministro do Interior da Itália, Roberto Maroni, rechaçaram as declarações de Borghezio. Roberto Calderoli, também ministro de Berlusconi, pediu desculpas à Noruega e às vítimas em nome do partido.
Na França, quem causou indignação foi Jacques Coutela, membro da Frente Nacional, outro partido de extrema-direita. Ele escreveu em seu blog que Breivik era "um ícone" e "o maior defensor da Europa". Coutela ainda comparou o terrorista norueguês a Carlos Martel, comandante vitorioso na Batalha de Poitiers, no ano 732, que barrou a expansão muçulmana na Europa. Nesta quarta-feira (27), o porta-voz da Frente Nacional, Alain Vizier, afirmou que Coutela estava suspenso por escrever textos "contrários à política da Frente Nacional". Segundo a Associated Press, Coutela substituiu o texto elogiando Breivik por um no qual condena o terrorista e afirma que as palavras publicadas anteriormente não eram suas, mas de outra pessoa.
Uma das reações de integrantes da extrema direita que mais indignou os noruegueses veio do outro lado do Atlântico. Nos Estados Unidos, o radialista Glenn Beck, ligado à Tea Party, comparou Breivik a Osama bin Laden, mas atacou o grupo de jovens do Partido Trabalhista, do qual faziam parte muitas das vítimas de Breivik, dizendo que eles se comparavam à Juventude Hitlerista, o grupo por meio do qual o ex-ditador da Alemanha Adolf Hitler espalhava as ideias que levaram ao Holocausto e a outros massacres na Segunda Guerra Mundial. A resposta veio por meio de Torbjorn Eriksen, ex-secretário de imprensa do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg. Ao jornal britânico Daily Telegraph, Eriksen afirmou que as declarações eram um "novo ponto baixo" para Beck. "Jovens ativistas políticos se reúnem em Utoya há 60 anos para aprender sobre e ser parte da democracia, exatamente o oposto do que fazia a Juventude Hitlerista", disse. "Os comentários de Glenn Beck são ignorantes, incorretos e extremamente dolorosos", afirmou.
Premiê prega defesa da democracia
Em entrevista coletiva nesta quarta, Stoltenberg voltou a dizer que seu país "não vai se deixar intimidar pelos ataques" e que a sociedade norueguesa vai se manter firme para defender seus valores. Segundo ele, a resposta à "brutal violência" será a contínua defesa "da liberdade, da tolerância e da democracia". O primeiro-ministro norueguês afirmou também que seu país precisa deixar o momento de tragédia nacional ampliando "a participação política".
Pela mesma linha, Stephen Lennon, chefe da Liga de Defesa da Inglaterra, grupo anti-imigração do Reino Unido, ao qual Breivik manifestou admiração, deu entrevista ao site da TV britânica BBC. Segundo ele, é a falta de plataformas democráticas para que as pessoas com ideias semelhantes se manifestem que está fortalecendo o extremismo. "O que ocorreu em Oslo mostra como as pessoas estão ficando desesperadas na Europa", disse Lennon. "É uma bomba-relógio. Se eles não derem uma plataforma e uma forma de expressar essas emoções de forma democrática, vão criar monstros como esse lunático". O que é preciso saber é se os partidos de extrema direita da Europa conseguirão tornar seu discurso mais democrático, e se a política europeia estará preparada para incluí-los sem ameaçar as bases da democracia.
Fonte: Revista Época
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