Foto: arquivo pessoal
“Não se pode esperar um final feliz de uma história de terror”.
- Eren Jeager / Shingeki No Kyojin
Quando Peruíbe se emancipou de Itanhaém, no já distante 18 de fevereiro de 1959, o então novíssimo município era essencialmente uma pobre comunidade de pescadores e agricultores caiçaras. A pesca e a agricultura de subsistência igualavam a quase totalidade dos moradores em um mesmo nível social, no qual haviam pouquíssimos "ricos" e uma classe média incipiente. De um lugarejo humilde, pacato e consequentemente isolado em si próprio, evoluiu para se tornar uma uma sociedade aberta com a economia baseada no turismo de veraneio, que aceita com facilidade a presença de forasteiros, incluindo a ampla participação dos mesmos nos destinos desta terra.
Mas o progresso jamais foi satisfatório para a elite local, formada por funcionários públicos, comerciantes e aposentados paulistanos. Lembro do sonho das "indústrias não-poluentes", ideia muito popular nos anos oitenta e noventa do século passado, e o de que nossa cidade tinha potencial para se tornar uma "Nova Guarujá". Nada disso aconteceu. A Terra da Eterna Juventude virou a "última" cidade da baixada santista, no sentido geográfico e de desenvolvimento. Alguns moradores (pois é) tem a falta de noção em dizer que aqui é "quintal de Santos", como se isso fosse bom para nós. Me pergunto se a maioria dos santistas sabem em qual pedaço do litoral os peruibenses vivem. Duvido que saibam, ou queiram saber. A relação entre as duas cidades está longe de ser igualitária: os santistas ficaram contra a construção de um Porto aqui (duvido que tenha sido por preocupações ecológicas), e não deram muita bola quando surgiu o plano da Termoelétrica (sendo feita aqui, bem longe de Santos, qual seria o problema para eles, né?).
Mas o nosso maior problema é a mentalidade predominante, de ver a política municipal como o único meio de evolução social. Quantos sonham com uma cadeira de vereador? Ou com um belo cargo na prefeitura? Teremos provavelmente as eleições municipais mais acirradas desde as de 1996 (a eleição para prefeito daquele ano teve um resultado inesperado). A polarização política nacional influenciará bastante o cenário local, por mais que alguns pretensos "cientistas políticos" digam que não será assim, insinuando que o eleitor peruibense estará mais preocupado com buraco na rua do que com o destino incerto do próprio país.
Concluo este texto dizendo que Peruíbe prossegue na condição de "eterna promessa" litorânea, oscilando entre a ilusão de riqueza da baixada santista e a realidade da pobreza do vale do ribeira, um híbrido das duas regiões, e mais uma vez pergunto: temos algo para comemorar?
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MARCADORES: ANIVERSÁRIO DE PERUÍBE (EMANCIPAÇÃO MUNICIPAL), 65 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, 18 DE FEVEREIRO DE 2024
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