▼
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
"DIVERSOS ANTECEDENTES INDICAM QUE HÁ BOLHA IMOBILIÁRIA NO BRASIL"
“Quase 43% das famílias brasileiras tem a renda comprometida com pagamento de dívidas. Com o salário minguado e restrição financeira internacional, o crédito farto para de crescer.”
Luciano D´Agostini, doutor em economia
A formação ou não de uma bolha imobiliária no Brasil foi um dos assuntos mais debatidos durante o ano. A preocupação estimulou comparações com o que ocorreu em países como Estados Unidos e Espanha, onde a bolha estourou. Em um curso ministrado essa semana no Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon), o doutor em economia Luciano D´Agostini citou exemplos de como se forma a bolha e consequências.
Para ele, há bolha imobiliária no Brasil por diversos antecedentes, um deles a melhoria da renda da população. “Mais de 30 milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza e entraram na classe de consumo, mas houve um espírito de consumo bem maior do que de poupança. Isso auxiliou o mercado imobiliário a inflar os preços, porque o público comprou o imóvel com um custo elevado de financiamento. Ao longo de oito anos os juros caíram, mas ainda são muito elevados”, disse. Ele destacou, ainda, política monetária e taxas de juros. Confira o que mais D´Agostini falou sobre o atual cenário nos principais trechos da entrevista para a Gazeta do Povo.
Que comparação o senhor faz do cenário brasileiro com países como Estados Unidos e Espanha, que experimentam a crise no setor?
A percepção é a mesma. Os sintomas são os mesmos. O endividamento das famílias sobre a renda é um excelente indicador. Enquanto existe crédito na economia, retroalimenta o sistema de preços. Ao secar o crédito, com o endividamento das famílias sobre a renda, as chances de uma correção para baixo nos preços e/ou aumento dos salários na economia são enormes. Descartada a segunda opção, sobra a queda de preços dos imóveis. Vale lembrar que estouros de bolha imobiliária no Japão 1991, Estados Unidos em 2008 e países europeus em 2009 a 2011, tiveram um pouco antes de seus estouros de preços do imóveis uma taxa de desemprego em seu país muito baixa. No Brasil temos baixo nível de desemprego (é recorde no regime de metas) e a grande sacada é “como o governo manterá a taxa de desemprego baixa nos próximos anos” com a falta de dinamismo da indústria, um dos motores do crescimento real da economia. Programas sociais, por si só, não resolvem. Deve haver crescimento econômico com desenvolvimento.
Como o país poderia se prevenir de situação semelhante a desses países?
Baixar rapidamente as taxas de juros, fazer um controle mais vigorosos de entrada e saída de capitais estrangeiros, investir em tecnologia de produção, tributar mais extensivamente os imóveis para venda abaixo de quatro anos de existência. No caso de investir em produtividade do capital e do trabalho, aumentaria a produtividade total do setor da construção civil. Nesse caso o segmento teria uma eficiência bem melhor do que os pífios indicadores que temos hoje.
Como o consumidor pode entender se há ou não bolha imobiliária?
Normalmente ele é o último a entender o processo. A percepção é de que o preço dos imóveis sobe muito e os salários não acompanham o ritmo. No primeiro momento, as pessoas sofrem de ilusão monetária e euforia, contribuindo para a alta dos preços. No segundo, quando o endividamento sobre a renda aumenta, que é o caso atual, as pessoas começam a se dar conta de que entraram na “casa errada” e no “momento errado”. Também quando muitas pessoas fazem comentários com amigos e familiares sobre o assunto é indício de que existe distorção. Quanto mais pessoas falam do processo é porque a preocupação é maior e também é um bom “indicador” da situação.
Fonte: GAZETA DO POVO
Prezado(a) amigo(a),
ResponderExcluirDesejamos a todos um Natal cheio de amor em família e de alegria pelo nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Que todos busquemos sempre os bons valores para vivenciarmos e com eles dar exemplo aos céticos.
Feliz Natal!
de Klauber Cristofen Pires (LIBERTATUM) e família