segunda-feira, 30 de novembro de 2020

SHINGEKI NO KYOJIN (ATTACK ON TITAN): CAPÍTULO 134 / O PORTAL DE NAGASAKI E AS SIMBOLOGIAS - NOVEMBRO DE 2020



Às 11h02 da manhã do dia 9 de agosto de 1945, uma bomba atômica batizada “Fat Man” foi lançada na cidade japonesa de Hiroshima, por um avião B-29 da Força Aérea dos Estados Unidos. Nesse que foi o segundo e último ataque nuclear ao Japão (três dias após Hiroshima), cerca de 70 mil pessoas morreram.

Entre as fotos realizados logo após a tragédia, uma se destaca: a que mostra um Tori (Torii), aparentemente incólume entre destroços ainda fumegantes da explosão. Para quem não sabe, Tori é um portão (arco ou Portal) que costuma ficar na entrada do todo santuário Xintoísta, ou que marca a sua proximidade. Milagrosamente (proteção dos deuses, acredito), esse arco resistiu e permaneceu de pé. E nesse momento do artigo, alguns leitores já devem ter se perguntado: o que isso tem a ver com a edição 134 de Shingeki No Kyojin? Calma que eu já explico.

Nesse terrível capítulo, a devastação provocada pela marcha dos Titãs Colossais parece tem atingido o auge. Milhões de pessoas, marleyanas e de outros povos, estão sendo literalmente pisadas por esses gigantes. Numa das cenas mais dramáticas, milhares despencam em um abismo, enquanto alguns tentam desesperadamente manter um bebê à salvo. Nem isso impede Eren Jaeger de prosseguir nessa espantosa revolução global.

E por se tratar de um evento planetário, não limitado ao território do Império Marley, uma cena chama a atenção. Os Titãs chegam ao que parece ser uma aldeia da nação Hizuru (terra de origem dos ancestrais maternos da Mikasa), e um arco semelhante aos tradicionais Toris japoneses se destaca num dos quadrinhos (página 4 do cap 134). O destino dos infelizes aldeões é a morte, mas tenho certeza que o propósito do autor foi o de fazer um paralelo, com o tristemente célebre portal de Nagasaki, o que resistiu à devastação atômica.

Isayama trabalha com simbologias, umas ocultas, outras nem tanto. Nessa fase final do mangá, ele indiretamente fala de tragédias que ocorreram no Japão, durante a segunda guerra, assim como vários capítulos antes falou da discriminação e perseguição dos judeus (eldianos) pelos nazistas (marleyanos). Os paralelos são óbvios, e dificultam os leitores na escolha pelo o que seria o "lado certo". A minha conclusão é de que nessa etapa de Shingeki no Kyojin não existem mais mocinhos e vilões: o que importa é a sobrevivência.


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