Hongkongers protestando durante a "revolução dos guarda-chuvas"
A maioria dos hongkongers não aceita o comunismo. Muitos deles nasceram ainda sob o domínio do Reino Unido, usam diariamente o inglês como idioma básico e tem uma visão de mundo cosmopolita, a ponto de chamarem os chineses continentais de "caipiras". Existe até um movimento pró-independência na ilha, que é claro, não tem qualquer chance de vitória. O único caminho lógico é o de prosseguir na luta pela manutenção da autonomia, esperando por uma corrosão do poder do PCC, com o surgimento de forças pró-democracia (suprimidas em 1989, durante o massacre na praça da paz celestial). Mas a grande batalha que aquele povo está perdendo é a dos berços, essa é que decidirá o futuro do atual confronto. Pequim sabe disso, e apesar das pressões, não tem pressa.
Hong Kong possui o metro quadrado mais caro do planeta. Lá é comum moradores se apertarem em cubículos de prédios super-lotados, cuja área entre eles é delimitada por grades, o que os faz serem chamados de "casas-gaiolas". Nessa espantosa realidade urbana, existem micro-apartamentos de até 2,5 metros quadrados (!?). Um dos resultados disso é uma taxa de natalidade de 1,12 nascimentos por mulher, inferior a da própria China continental (1,68), apesar de não existir no território restrições anti-natalistas. Onde colocar um bebê num espaço de 2,5 metros? Não dá, né?
Historicamente, a metropolização de populações sempre puxa o número de crianças das mesmas pra baixo, isso é visto desde o auge do Império Romano. Cito como exemplo a região metropolitana de Tóquio, que reúne sozinha 37 milhões de habitantes, num país de 126 milhões, o que tem contribuído para uma queda dos nascimentos por lá. Outro exemplo: desde a década passada, os índices de natalidade da Grande São Paulo (capital paulista e cidades da maior região metropolitana do Brasil), são inferiores aos de mortalidade. A população paulistana só não tem decrescido por causa da migração, tal como (pois é) acontece em Hong Kong.
Os hongkongers - que podemos chamar de o "povo nativo" da ilha - tendem a diminuir, ante o movimento migratório de chineses continentais, acostumados com a dominação comunista (não necessariamente simpáticos ao PCC) e menos interessados em protestarem contra a opressão. Eventos históricos como a "revolução dos guarda-chuvas" dificilmente se repetirão. Entre 300 a 500 mil imigrantes do continente já vivem lá (muitos deles ilegais), ou seja, uma população mais "conformada" tende a diminuir em tamanho e força uma população combativa e inconformada, resultando num longo prazo, em mudanças ideológicas e de mentalidade na maioria, o que pode dar a vitória final aos comunistas.
Mas mesmo sendo pessimista, eu tenho que admitir: os hongkongers têm coragem, mesmo lutando pelo o que parece ser uma causa perdida. Viva Hong Kong!
MARCADORES: HONG KONG, HONGKONGERS, PROTESTOS, DEMOCRACIA, LIBERDADE, CAPITALISMO, AUTONOMIA, PARTIDO COMUNISTA CHINÊS, JUNHO, 2020
Hong Kong possui o metro quadrado mais caro do planeta. Lá é comum moradores se apertarem em cubículos de prédios super-lotados, cuja área entre eles é delimitada por grades, o que os faz serem chamados de "casas-gaiolas". Nessa espantosa realidade urbana, existem micro-apartamentos de até 2,5 metros quadrados (!?). Um dos resultados disso é uma taxa de natalidade de 1,12 nascimentos por mulher, inferior a da própria China continental (1,68), apesar de não existir no território restrições anti-natalistas. Onde colocar um bebê num espaço de 2,5 metros? Não dá, né?
Historicamente, a metropolização de populações sempre puxa o número de crianças das mesmas pra baixo, isso é visto desde o auge do Império Romano. Cito como exemplo a região metropolitana de Tóquio, que reúne sozinha 37 milhões de habitantes, num país de 126 milhões, o que tem contribuído para uma queda dos nascimentos por lá. Outro exemplo: desde a década passada, os índices de natalidade da Grande São Paulo (capital paulista e cidades da maior região metropolitana do Brasil), são inferiores aos de mortalidade. A população paulistana só não tem decrescido por causa da migração, tal como (pois é) acontece em Hong Kong.
Os hongkongers - que podemos chamar de o "povo nativo" da ilha - tendem a diminuir, ante o movimento migratório de chineses continentais, acostumados com a dominação comunista (não necessariamente simpáticos ao PCC) e menos interessados em protestarem contra a opressão. Eventos históricos como a "revolução dos guarda-chuvas" dificilmente se repetirão. Entre 300 a 500 mil imigrantes do continente já vivem lá (muitos deles ilegais), ou seja, uma população mais "conformada" tende a diminuir em tamanho e força uma população combativa e inconformada, resultando num longo prazo, em mudanças ideológicas e de mentalidade na maioria, o que pode dar a vitória final aos comunistas.
Mas mesmo sendo pessimista, eu tenho que admitir: os hongkongers têm coragem, mesmo lutando pelo o que parece ser uma causa perdida. Viva Hong Kong!
MARCADORES: HONG KONG, HONGKONGERS, PROTESTOS, DEMOCRACIA, LIBERDADE, CAPITALISMO, AUTONOMIA, PARTIDO COMUNISTA CHINÊS, JUNHO, 2020
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