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quinta-feira, 11 de maio de 2017
VINICIUS TORRES FREIRE /SEM CRÉDITO, A GENTE NÃO VAI PARA A FRENTE - MAIO DE 2017
Quando a gente está com uma infecção feia, a febre pode ir a 39 graus. Se a temperatura baixa para 36, quer dizer em geral que a gente está melhorando. Mas, se baixar mais, quer dizer que temos um outro problema grave.
Com a inflação, acontece algo um pouco parecido. No ano passado, nesta época, abril, maio, a inflação anual andava lá por mais de 9%. Agora, baixou para 4% ao ano.
Em média, os preços de comida e bebida subiam mais de 13% ao ano. Agora, não sobem mais de 3%. Foi uma queda grande.
Qual é a temperatura ideal da inflação? Depende de cada época e lugar. No caso brasileiro, inflação perto da meta oficial, de 4,5%, estaria de bom tamanho, no momento. No futuro, pode e tem de ser menor.
No momento da economia brasileira de agora, se a inflação ficar abaixo de 4% quer dizer que a gente está com hipotermia, temperatura baixa demais. Quer dizer, que falta dinheiro ou coragem para comprar. Quando não há consumo, quando há encalhe, os preços diminuem.
Tem remédio? A princípio, sim. Baixar as taxas de juros. Se os juros caem, os empréstimos, as prestações, os crediários, os financiamentos, ficam mais baratos. Com juros menores, o consumo pode aumentar.
O Banco Central pode baixar os juros no atacadão da economia, no mercado de empréstimos entre bancos. Pelo jeito, é o que precisa fazer no final deste mês, com mais vontade: cortar mais os seus juros, chamados Selic.
O problema, por enquanto, é que os bancos não estão repassando essa baixa de custos para os clientes do varejo, nós, consumidores, empresas.
Talvez estejam esperando a economia dar sinal de que vai melhorar de vez. Talvez só passem a cortar seus juros com vontade lá pela metade do ano. E se não fizerem isso? Vamos ter dois problemas sérios. Primeiro, mesmo a economia tendo parado de piorar, vai ficar bem difícil que ela saia do buraco. Segundo, será preciso perguntar bem seriamente para os bancos: qual o problema com vocês? E tomar alguma atitude extra. Sem crédito, a gente não vai pra frente.
MARCADORES: DEPRESSÃO / RECESSÃO BRASILEIRA 2017, QUEDA NA INFLAÇÃO, ECONOMIA, RECUPERAÇÃO ECONÔMICA
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