segunda-feira, 24 de abril de 2017

VINÍCIUS TORRES FREIRE / A DURA REALIDADE DO DESEMPREGO NO PAÍS - ABRIL DE 2017



No mês passado, o presidente Michel Temer fez questão de divulgar o balanço mensal do emprego com carteira assinada, do ministério do Trabalho.

Claro, tinha uma surpresa boa e enorme nos números. Depois de quase dois anos, as empresas tinham contratado mais gente do que demitido.

Isso quer dizer, tinha aumentado o número de pessoas empregadas com carteira, em fevereiro.

Ontem, Temer não apareceu. O número de empregos com carteira voltou a cair. É um desastre novo, sinal de que a crise voltou a piorar? Não. Mas os dados positivos de fevereiro estavam fora de época, ainda.

O total de gente empregada com carteira no país continua a diminuir. O principal motivo da piora é que as empresas da construção civil ainda demitem em massa, como no pior momento da crise. Não há obras públicas, metrô, estrada ou outras. Pouca gente se arrisca a comprar casa e ainda está sobrando imóvel pronto.

A crise ainda não melhorou quase nada na construção civil. A situação anda ruim também na indústria extrativa, basicamente exploração de petróleo, ferro e outros minerais.

O emprego melhorou em fevereiro por um número de contratações surpreendentemente alto no setor de educação, escolas. Mas, como a gente vem dizendo aqui faz um ano, a situação piora mais devagar.

Não é um consolo para quem procura trabalho, claro. No ritmo em que vamos, o mercado de trabalho só vai parar de piorar no começo do ano que vem. Pelo menos no caso do emprego com carteira assinada, que é emprego melhor, com direitos, com salários em média melhores.

Isso não quer dizer que a economia vá continuar a piorar. Isto é, que as vendas e a produção das empresas vão continuar a cair. Provavelmente, na média, a economia deve ter começado a crescer um bocadinho no primeiro trimestre. Crescimento em relação ao final do ano passado, que ainda era horrível.

No entanto, as empresas estão com muita capacidade ociosa. Para produzir, não precisam contratar mais gente nem investir mais. Logo, o emprego não vai voltar tão cedo, enquanto não se use essa capacidade de sobra.



MARCADORES: BRASIL, ECONOMIA BRASILEIRA 2017, GOVERNO MICHEL TEMER, DEPRESSÃO ECONÔMICA, RECESSÃO GRAVE, DESEMPREGO CRÔNICO, RECUPERAÇÃO LENTA

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