sábado, 13 de agosto de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / GOVERNO TEMER TERÁ DE MOSTRAR MAIS FORÇA POLÍTICA - AGOSTO DE 2016



O governo afinou o discurso em relação à renegociação da dívida dos Estados pra evitar qualquer abalo na confiança da sociedade, dos agentes econômicos, quanto à execução do ajuste fiscal. O presidente interino, Michel Temer, como nós vimos, disse que o veto ao reajuste do funcionalismo, por dois anos, poderia "embaraçar" a renegociação. Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em evento em São Paulo afirmou que o veto não era totalmente necessário. Tentam mostrar que os Estados terão de adequar as despesas com funcionalismo, que são o maior fator de desequilíbrio das finanças, ao limite de ampliação de gastos que será imposto, a todo o setor público, pela PEC que deve restringir o aumento das despesas à inflação do ano anterior. É ver na prática o que vai acontecer. É inegável que houve uma resistência política mais forte que se previa. O governo teve de fazer concessões, de mudar o projeto original, pra garantir a aprovação, que não está concluída. Essa pode ser uma indicação de dificuldades que também poderá ter com outras propostas. A PEC que limita os gastos, por enquanto, é uma grande aposta. Dependendo do encaminhamento, também poderá sofrer alterações importantes. Um ponto já muito questionado é a mudança do percentual obrigatório de recursos para a saúde e educação, que são áreas prioritárias. O governo terá de convencer a sociedade e os parlamentares que a inclusão das duas áreas no limite de gastos não significa uma redução obrigatória da destinação de recursos ou o comprometimento de uma maior eficiência que possam ter. Um desafio muito grande. Depois vem a reforma da Previdência, que é fundamental pra assegurar uma trajetória melhor para as finanças públicas a longo prazo. Outra proposta pra lá de polêmica. E ainda são aguardadas as concessões, privatizações, revisão de desonerações e até a esperada retomada da economia que vai ajudar a melhorar a arrecadação, a receita do governo. O que ficou da discussão toda desta semana é que o governo Temer vai ter que mostrar muito mais força política pra poder avançar mesmo com o ajuste fiscal. Eu volto na segunda feira. Até lá.


MARCADORES: LIMITAÇÃO NOS GASTOS PÚBLICOS, GOVERNO MICHEL TEMER, ACORDOS COM OS GOVERNOS ESTADUAIS, FUNCIONALISMO PÚBLICO

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