terça-feira, 19 de julho de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / BRASILEIRO ESTÁ MAIS PREOCUPADO COM EMPREGO - JULHO DE 2016



Uma coisa são as expectativas outra é a realidade. E a realidade mostra um desempenho ainda bem ruim do País, com queda de atividade dos vários setores e aumento das demissões, o que deixa mesmo o brasileiro mais preocupado com o emprego. Por mais que se conte com a retomada da economia, as empresas ainda estão fazendo ajustes. Na sexta-feira mesmo a FIESP, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, anunciou o corte de mais 16 mil e 500 vagas em junho, totalizando 57 mil e 500 demissões desde o começo do ano, com previsão que chegue a 165 mil. E olha que a indústria foi o primeiro setor a entrar em crise, antes mesmo de a economia entrar em recessão. Como o mercado de trabalho é sempre o último a reagir, o temor do desemprego não é sem motivo. E o fato é que 2016 vai ser mais um ano de recessão. O relatório Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, mostrou que o mercado ainda espera um tombo de 3,3% do PIB este ano. Melhorou. Já chegou a falar numa retração de mais de 4%. Mas a crise ainda é pesada e a recuperação vai ser lenta. O mesmo relatório traz a previsão de uma expansão, no ano que vem, de apenas 1,1%. A expectativa ainda é de desemprego em alta. O próprio governo já falou em 14 milhões de desempregados. Pra mudar um pouco o cenário, sinaliza agora com medidas que possam acelerar a retomada. É ver qual será a estratégia. Os juros devem continuar altos pra viabilizar uma queda mais rápida da inflação, o que segura o consumo. O dólar segue com tendência de baixa, pelas condições do próprio mercado, o que reduz o potencial de aumento das exportações. Com as contas no vermelho, o governo ainda pode aumentar impostos, cortar desonerações, financiamentos. Portanto, a margem de manobra pra induzir o crescimento é pequena. Depende mais da reestruturação mesmo da economia e de uma maior confiança. Pra isso são necessárias ações mais concretas. Eu volto na quinta. Até lá.


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