quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / GOVERNO QUER DAR ALGUM OXIGÊNIO E GANHAR TEMPO - FEVEREIRO DE 2016



As vendas do comércio vêm refletindo o que está acontecendo com o consumidor. A situação continua bem difícil, com uma combinação de fatores que compromete o poder de compra e a confiança. A inflação ainda está em patamar muito alto e com aumento de despesas básicas, como transporte e alimentos. Os juros continuam subindo na ponta final, porque os bancos querem se proteger do risco de calote. Quem paga em dia compensa a inadimplência. E tem o desemprego, que pode ser uma ameaça ainda mais séria agora em 2016. As previsões não são boas. Nesse contexto, até quem tem dinheiro pensa duas vezes antes de gastar. Há um clara mudança no padrão de consumo da população, com cortes desde as despesas de supermercado até as refeições fora de casa e o lazer. No caso dos carros, e também dos imóveis, há uma cautela muito maior, porque a compra significa um gasto muito mais significativo ou, pior, o comprometimento de renda por um período muito longo, sem que haja um horizonte de recuperação do quadro econômico. O governo está tentando dar algum oxigênio. Veio com aquelas linhas de empréstimo para setores específicos, pode ajudar pequenas empresas com capital de giro, as grandes a renegociarem dívidas, como as compras de máquinas e equipamentos, feitas num período em que a economia ainda estava indo bem. E agora quer que o fundo de garantia e a multa rescisória, em caso de demissão, sejam usados no crédito consignado, que é das linhas mais baratas. Parte dos empréstimos pode até ir para o consumo, mas o que se espera é que as pessoas possam pegar o empréstimo pra quitar dívidas mais caras, como o rotativo do cartão ou o cheque especial. Com a garantia da cobertura no caso de a pessoa perder o emprego se imagina até que possa haver algum corte dos juros do consignado. São paliativos. Mas demonstram a preocupação do governo com implicações ainda mais graves, inclusive do ponto de vista social, da crise que, pelo jeito, pode se arrastar ainda por um bom tempo. Tempo é o que o governo quer ganhar enquanto não toma as providências mais sérias pra colocar a economia nos trilhos. Eu volto na segunda. Até lá.


MARCADORES: BRASIL, BRASILEIROS, RECESSÃO, GOVERNO DILMA / PT

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