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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
DENISE CAMPOS DE TOLEDO / HÁ POUCA CONFIANÇA NA EXECUÇÃO DA META FISCAL - JANEIRO DE 2016
O pessimismo do mercado não é sem motivo. O governo continua dando um tiro pra cada lado, sem um programa mais coerente de correção de rota da economia. Fala em manter a meta fiscal, com superávit de 0,5% este ano, mas antecipa uma mal explicada liberação de recursos pra a construção e pequenas e médias empresas, através do fundo de garantia, bancos estatais e BNDES. Mesmo sem subsídios, vai transferir recursos do setor público. O fato é que há pouca confiança na execução da meta fiscal. O governo quer a volta da CPMF, que dificilmente será aprovada pelo Congresso. Também defende a reforma da Previdência, que em algum momento vai ter de acontecer mesmo, já que representa 40% dos gastos públicos. Mas tem ambiente político pra fazer isso agora? A fragilidade política do governo aumenta é o risco de medidas que levem a mais despesas. Como essa de querer liberar financiamento. O governo está propondo até a renovação da frota de veículos, tirando os mais velhos de circulação. Quem vai bancar? O consumidor está disposto a trocar o carro? Os números de 2015 mostram um consumo muito mais fraco. Só que, nesse contexto de maior responsabilidade na gestão da economia, a presidente Dilma dá aval para o Banco Central aumentar os juros básicos pra tentar fazer a inflação cair para o centro da meta, os 4,5%, em 2017. Pra este ano já jogou a toalha de novo. É bom que o BC tenha autonomia pra administrar a política de juros. Mas vai ter custo. Pode até mexer com a inflação futura, ao desestimular mais o consumo, a atividade e as remarcações de preços. Vai ser um remédio bem amargo para uma economia que está com a pior recessão desde os anos 30 e desemprego em alta. Sem esquecer que os juros aumentam o endividamento, piorando o quadro geral das finanças públicas. O endividamento preocupa, justamente, pela incapacidade que o governo tem demonstrado na execução do ajuste. E ainda se fala no uso das reservas cambiais pra estimular investimentos. Reservas que são uma garantia para cobertura de pressões no câmbio, compromissos externos. Usá-las com outra finalidade seria mais um descuido fiscal, que deixaria o País ainda mais vulnerável. Vamos ver que medidas o governo está elaborando pra divulgar no final do mês. Como antecipou o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, agora também muito enroscado na Lava Jato, não dá pra tirar coelho da cartola. E é bom que não inventem mesmo alguma saída mágica. O ilusionismo já está custando bem caro. Eu volto na quinta. Até lá.
MARCADORES: VOLTA DA CPMF, JUROS ALTOS, PIOR RECESSÃO DESDE OS ANOS 30 DO SÉCULO 20 / XX, GOVERNO DILMA / PT
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