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domingo, 3 de fevereiro de 2013
REVISTA VEJA ESPECIAL - TRAGÉDIA EM SANTA MARIA
Bem, não discutirei aqui os artigos dessa edição da VEJA sobre a tragédia na agora tristemente célebre Boate Kiss. Focarei minha análise na capa.
Ainda é cedo para dizer que esse evento trágico será como um divisor de águas na história do Brasil. Esse NUNCA MAIS não convencerá as massas da necessidade de se fazer esse tal do "Brasil novo", até porque as massas são ignorantes demais quanto as suas responsabilidades nesse tipo de questão.
Sabe a história do babaca que sabia que um morador na mesma rua que a dele era um foragido da justiça, e não contava para a polícia (denúncia anônima, é pra coisas assim que ela serve), por "medo"? Então, o criminoso acabou matando um filho dele, após uma simples discussão. Apenas pergunto: QUEM FOI UM DOS CULPADOS POR ESSA TRAGÉDIA? Devia ter denunciado, NÃO É MESMO? Mas não ..... o cidadão estava com medinho. E um certo dia o bandido matou o filho dele.
Que ninguém me diga que muitas pessoas da cidade gaúcha de Santa Maria não ignoravam que a Boate Kiss era uma armadilha da morte. Muitos sabiam, mas fingiam que não era com eles, foram omissos, contribuindo para essa tragédia. Agora, fica fácil para qualquer um que tenha estado dentro da Kiss bem antes da tragédia, se colocar como testemunha da precaridade do local, da sua falta de segurança, embora tenha até recentemente ficado calado.
A capa da Veja passa com sucesso a mensagem de uma justa indignação. A imagem representa uma moça que sobreviveu ao incêndio, que durante um dos enterros coletivos das mais de duzentas vítimas, pranteou o falecido namorado usando um chapéu do mesmo, momento cheio de simbolismo. Ali se vê o sofrimento do Rio Grande do Sul e do Brasil. Sem dúvida, se tornará uma capa histórica, mas não mudará a nossa história.
Na sociedade brasileira, o "dedodurismo" é sempre visto de forma pejorativa, mesmo que seja para denunciar algo que possa prejudicar seriamente a própria sociedade. Temos por aqui uma vergonhosa cultura de omissão, cujo um dos mais graves produtos fará uma semana neste domingo. Se você, que neste momento lê este texto atrevido, sabia que aquela boate não era segura, mas preferiu ficar calado, reflita sobre a sua responsabilidade.
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