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sábado, 19 de novembro de 2011
JN NO AR: VARGEM GRANDE / MA VERSUS VINHEDO / SP
"Vargem Grande tem quase 50 mil habitantes, segundo o IBGE. Desse total, 36% da população vivem com a renda de até R$ 70, patamar considerado de extrema pobreza. É assim que Dona Marlene vive. 'A gente compra um quilo de carne, um fardo de arroz, e o que sobra? Nada. Mas a gente ainda precisa da roupa, do calçado, da rede para dormir', lamenta.
A renda média mensal dos moradores de Vargem Grande não passa dos R$ 156, segundo o IBGE. Boa parte dos moradores depende de ajuda do Governo Federal. Na sexta-feira (18), por exemplo, era dia de entrega do Bolsa Família. A fila era grande desde as primeiras horas da manhã.
Para quem tem no programa social a única fonte de renda, é difícil escapar da fome. Dona Maria José e as duas filhas vivem com R$ 134, por mês, do Bolsa Família. Mas tem uma hora do mês que o dinheiro acaba e a comida também. Há cinco dias, só tem arroz para comer.
Em outra casa, pé de frango é o único alimento da família. Pelas ruas do centro da cidade, esgoto correndo a céu aberto. O mesmo acontece na porta do único hospital da cidade. A falta de saneamento básico, que abrange coleta de lixo e redes de água e esgoto, atinge mais de 50% da população.
O bairro de Fátima, um dos mais pobres da cidade, fica na periferia de Vargem Grande. A maior parte das casas é feita de taipa, não tem esgoto, a água corre pelo chão. E o uso do banheiro é uma dificuldade. As famílias cavam poços atrás de água, mas não dá para usar porque tem muita sujeira no que encontram. A maior parte dos moradores tem que buscar água a muitos quilômetros de distância.
Uma família depende do único açude na zona rural e só encontra água barrenta: 'Nós não temos outra opção, não temos poço, não temos nada. A água que temos é essa. Nossa solução é essa daqui', diz uma moradora. 'É um município pobre e que não tem rendas próprias, infelizmente a gente tem que depender do Governo Federal e do governo do estado para que a gente possa fazer alguma coisa em benefício da população', declarou Miguel Fernandes (PMDB), prefeito de Vargem Grande.
A economia que cresceu com base no comércio e na produção artesanal de cerâmicas, registra índices altos de desemprego e violência. Outra carência do município de Vargem Grande é a educação. No povoado de Bananal, a única escola para as dez crianças da zona rural tem parede caída, cadeiras e mesas inadequadas para crianças pequenas e um teto que não protege da chuva.
O índice de analfabetismo no município é considerado alto pelo IBGE. 'Muitas vezes, eles perguntam muito pela merenda. Que horas chega a merenda, se tem merenda, porque estão com fome. Aí atrapalha muito porque, às vezes, eles vêm mais pensando na merenda', revela a professora Orlene Mesquita Silva. Esta terra, onde direitos básicos só são conquistados com muita luta, é um pedaço do Brasil que muitos brasileiros não conhecem."
"Interior de São Paulo, cidade de Vinhedo, mas bem que poderia ser ‘Condado de Vinhedo’. Isso por causa do estilo diferenciado, até mesmo para os padrões de São Paulo. Grande quantidade de condomínios de luxo e muita qualidade de vida. Bem diferente de Vargem Grande, no Maranhão, mostrada na última sexta (18), no Jornal Nacional. A renda média da cidade maranhense não passa de R$156. Ao todo, 36% dos moradores vivem com até R$70 por mês.
Em Vinhedo, apenas 0,2% da população vive com até R$70 por mês e o rendimento médio é de quase R$1,5 mil, maior do que o de São Paulo e acima da média brasileira, segundo o IBGE.
Imagine uma cidade sem favelas, onde até os bairros mais pobres têm rede de esgoto, água tratada e coleta de lixo. Apenas 0,3% dos moradores de Vinhedo não têm acesso a esse tipo de serviço, segundo o IBGE.
A realidade é outra no interior do Maranhão. Mais da metade da população não tem saneamento básico adequado. O ‘JN no Ar’ mostrou os banheiros improvisados e açudes barrentos como única fonte de abastecimento para muitos moradores.
A desigualdade também é grande entre as duas cidades na área de educação. Em Vinhedo, o índice de analfabetismo é menos da metade da média nacional. Em Vargem Grande, 32% não sabem ler nem escrever.
No interior paulista, educação de qualidade, cobertura de saúde e segurança. Tudo isso a pouco mais de 70 quilômetros da capital. Cada vez mais brasileiros descobrem que viver no local é um privilégio. Segundo o IBGE, o número de habitantes aumentou desde o censo 2000, passando de 47 mil para quase 64 mil moradores.
O supervisor de processo Leonardo Bispo dos Santos é um dos que ajudaram a população de Vinhedo a crescer. Mineiro do Vale do Jequitinhonha, uma das partes mais pobres de Minas Gerais, ele formou família em Vinhedo e sente a diferença entre as regiões.
“A única coisa que a gente pode dar para um filho da gente hoje é educação. Vir para uma cidade que te oferece isso, você só tem a agradecer’, explicou o supervisor de processo Leonardo Bispo dos Santos.
Leonardo já chegou empregado a Vinhedo. Ele é um dos 600 funcionários de uma fábrica, a terceira maior do mundo no segmento de balas, doces e confeitos. O polo industrial do município é um dos mais bem estruturados do país, com 280 empresas de vários segmentos.
“Aumentamos a renda per capita graças à vinda de novas indústrias. Essas indústrias geraram um comércio mais forte na nossa cidade com uma prestação de serviços”, pontuou o prefeito Milton Serafim.
A localização do polo é estratégica: fica no centro de grandes rodovias, como Bandeirantes, Anhanguera e Miguel Melhado, que liga ao aeroporto de Viracopos, em Campinas. Isso facilita o escoamento da produção.
A mesma facilidade de acesso também foi um dos motivos que ajudaram um centro de entretenimento a se tornar o maior do Brasil. São dois milhões de visitantes por ano, aumentando, ainda mais, a arrecadação do município de Vinhedo. O parque existe há 12 anos e recebe turistas do Brasil inteiro, atraídos pela variedade de brinquedos e atividades.
“Muita atração boa. Está cheio de coisa aqui. Ainda mais para mim, que sou turista”, disse o jovem.
O centro gera cerca de mil empregos diretos e oito mil indiretos. Praticamente 100% da mão de obra é da região, como Daiane de Lima Godói, que viaja uma hora por dia de Várzea Paulista até Vinhedo para trabalhar como atendente de lanchonete.
“Dá muita oportunidade para as pessoas de fora, principalmente para menor, que não consegue emprego fácil”, comentou a atendente Daiane de Lima Godói. Na terra de oportunidades, o retrato de um Brasil bonito."
Apesar de sermos pobres,temos orgulho de morar em vargem grande e não trocamos essa maravilhosa cidade por nenhuma outra cidade que seja considerada Rica.
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