quarta-feira, 21 de julho de 2010

PIRATAS DO ASFALTO BARBARIZANDO EM BARRA DO TURVO


Verdadeiros “piratas do asfalto” estão agindo livremente na divisa dos estados de São Paulo e Paraná. Assim como seus notórios colegas do oceano, que cruzavam os mares com a intenção de promover saques a navios e cidades, eles promovem arrastões nas rodovias. O alvo principal são os caminhões, cujo transporte de carga movimenta R$ 40 bilhões por ano. Basta um congestionamento ou um acidente para surgirem como fantasmas das margens das estradas. Munidos de pedaços de pau, barras de ferro, pedras, armas brancas e armas de fogo, rasgam as lonas dos caminhões, quebram cadeados das carrocerias e, não raro, ameaçam os motoristas.

Há pelo menos uma década eles agem na rodovia Régis Bittencourt (BR-116), principal ligação entre os estados. A Polícia Rodoviária Federal e as concessionárias responsáveis pela estrada – entre Curitiba e São Paulo, existem seis praças de pedágio – não conseguem coibir a prática. Conforme de­­­poimentos de caminhoneiros, em geral, o crime acontece em São Paulo, especialmente na Bar­ra do Turvo e na Serra do Azeite.

Não existem estatísticas oficiais sobre os arrastões nas estradas. Sabe-se que, em 2009, ocorreram 13,5 mil casos de roubos de cargas no país. O índice é o maior desde 2004 e 8,15% superior ao registrado em 2008. Os transportadores indicam que 96% dos roubos acontecem à mão armada e apenas 4% são, na realidade, furtos simples. Sete em cada dez acontecem em áreas urbanas, e o restante é registrado nas estradas. Esses números, fornecidos pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mascaram a realidade brasileira, pois boa parte dos caminhoneiros não faz boletim de ocorrência de assaltos ou de tentativas de roubos, como nesses arrastões.


Testemunha
A gerente de banco Maria Cris­­­tina Ribeiro da Silva, 52 anos, presenciou a ação dos piratas no último dia 3. Acom­panhada do marido e da filha de 19 anos, Maria parou atrás de um caminhão em um congestionamento causado por um acidente no quilômetro 506 da Régis Bit­tencourt, próximo a Jacu­pi­ranga (SP). “Apareceram pelo menos dez pessoas armadas, que saíram do mato e foram ar­­­rombar a carroceria do caminhão”, conta. Em um ato impensado, ela buzinou para alertar o caminhoneiro. Após ser ameaçada, Maria fugiu pelo acostamento. Em seguida, o trânsito fluiu, e o caminhoneiro não teve a carga roubada. A Polícia Rodoviária Federal de São Paulo diz que esses episódios são “ocasionais”.

Dono de transportadora e ex-caminhoneiro, Dijair Botaro afirma que um motorista de sua empresa foi assaltado exatamente da mesma maneira nessa semana. “Eles tentaram roubar a carga, mas se contentaram em apenas levar dinheiro. Segundo o motorista, eles surgiram absolutamente do nada em um congestionamento”, diz. Apesar de proprietário, Botaro costuma viajar entre São Paulo e Curitiba para “sentir o trecho”, analisando a fiscalização e o custo da alimentação. Nessas incursões, ele também se deparou com os piratas e seus assaltos.

O presidente da União Bra­sileira dos Caminhoneiros, José Natan Emídio Neto, diz que a ação criminosa com essa característica ocorre em todo o Brasil. “Basta o trânsito ficar lento”, diz. Presidente do Sindicato das Em­­presas de Transporte de Car­­­­ga do Estado do Paraná (Setcepar), Fernando Klein Nunes lembra que as mercadorias têm sido saqueadas com mais frequência nos últimos anos. “Antes era esporádico, mas é recorrente nos últimos anos. Lembrando que essa é uma prática que acontece nas estradas do Nordeste há muitos anos”, diz. Consequência: aumento do preço do transporte de carga, porque os prejuízos são pagos pela transportadora ou pelo caminhoneiro.


Fonte: Gazeta do Povo

Acho notável que um jornal do Paraná seja o responsável por um artigo exclarecedor como esse, já que Barra do turvo e a Serra do Azeite estão no lado paulista da divisa dos dois estados. Talvez isso se deva ao fato de que a grande imprensa do lado de cá não foca os problemas do Vale do Ribeira como deveria, por motivos que desconheço. Já faz anos que se fala que certos moradores - e monstros - que estão na beira da da Régis Bittencourt sabotam a pista para provocar acidentes, e quase não se fala disso.

Falo de monstros que jogam óleo na pista, para que ocorram acidentes, visando o saque dos caminhões tombados. E o que esses vagabundos não tombam, eles atacam, como é mostrado no artigo. Essa gente é assassina, já matou inocentes aos montes, em nome da cobiça. São a vergonha do Vale do Ribeira, superando até os palmiteiros.

Em Miracatu, no outro extremo da rodovia, não é muito diferente. O comércio de carga roubada ocorre com naturalidade por lá. É uma coisa vergonhosa. Funciona assim:

Fulano de tal recebe uma ligação em seu celular, sendo informado, por uma certo cicrano que podemos chamar de sócio, de que a poucos minutos tombou um caminhão carregado na pista, cheio de latas com atum. O trabalho do fulano consiste em arrumar compradores para o roubo, o que é muito simples, já que sempre tem por aí tipos safados, doidos para comprarem o atum roubado, pois o preço é baixo.

É uma gente tão desavergonhada, que é capaz de parar com carros lotados de saques em frente as repartições públicas, para vender os produtos aos servidores. Isso ocorre em diferentes cidades valeribeirenses - Miracatu é só uma delas - e os efeitos disso chegam até Peruíbe. Pois é.

Barra do Turvo e Miracatu são os pólos dessas barbaridades, "justificadas" pela miséria da região. O ser humano de justifica sempre. Se tombou na estrada, azar do motorista, azar da empresa e azar de quem morreu no acidente, pois muitos motoristas e passageiros de automóveis falecem assim. Se o vagabundo jogou óleo na pista, o problema não é meu, a mortadela que está sendo oferecida para mim tem um preço bem baixo e é isso o que me importa.

Ah sim, Barra do Turvo é o município que de longe mais perde com isso, já que é campeão nacional em taxa média de óbito por acidentes de transporte, o que atrapalha em muito o seu desenvolvimento, embora eu não creio que os que saqueiam estejam interessados em empregos de verdade.

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