quinta-feira, 7 de abril de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / JURO NO CARTÃO DE CRÉDITO É RECORDE EM 20 ANOS - ABRIL DE 2016



É, apesar de o Banco Central ter dado uma parada no aumento da taxa básica, por preocupações com a recessão e a queda de atividade, os juros para os consumidores não param de subir. É um recorde atrás do outro. Levantamento da Anefac, Associação dos Executivos de Finanças, mostrou que em março a taxa média do rotativo do cartão chegou a 432% ao ano, a maior em 20 anos. Já a taxa média do cheque especial bateu nos 263,7%. São taxas médias. No caso do cartão tem banco cobrando, no rotativo, 1000% ao ano. Parece inacreditável, mas é a realidade. Os bancos, por medo da inadimplência, aumentam as taxas pra compensar eventuais perdas com o calote. Só que com as taxas nesse nível, muito provavelmente, a inadimplência vai crescer. Como bancar um custo tão alto assim? Até porque não é só isso. O consumidor também está com a renda comprometida pela inflação e pelo desemprego. Não é à toa que a demanda por crédito vem caindo muito. Só encara quem não tem outro jeito. E o melhor é sempre buscar linhas, claro, mais baratas ou menos caras, já que aumento tem sido generalizado. Mas o consignado e o crédito pessoal ainda têm um custo mais acessível, com a vantagem de terem parcelas fixas. No cartão e no cheque especial o custo da rolagem vai subindo de acordo com a mudanças das taxas de mercado. E por mais absurdo que pareça, a tendência ainda é de alta. O próprio Banco Central, ao divulgar o relatório de estabilidade financeira, reconheceu que a queda da demanda por crédito é muito forte e que a inadimplência deve subir mais. Nas atuais condições da economia nem adianta o governo vir com aquela ideia, de sempre, de tentar estimular o consumo e a atividade liberando mais crédito. Hoje essa estratégia não daria resultado. Falta confiança também. A situação só vai mudar quando houver maior segurança quanto ao cenário político e econômico. Enquanto isso, o crédito mais caro e escasso acaba reforçando a desaceleração da atividade, ao frear com mais intensidade o consumo, além de trazer dificuldades adicionais para as empresas, que já estão tentando se equilibrar entre o consumo mais fraco e o aumento de custos. Os juros para as empresas também estão subindo. Eu volto na segunda. Até lá.


MARCADORES: JUROS MUITO ALTOS, CARTÃO DE CRÉDITO, CONSUMO, CONSUMIDORES, GOVERNO DILMA / PT, IMPEACHMENT DA DILMA

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