segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / O MERCADO OSCILA NO RITMO DA OPERAÇÃO LAVA JATO - FEVEREIRO DE 2016




O mercado financeiro continua piorando as projeções para a economia e deve piorar mais, principalmente agora que a equipe econômica admitiu a incapacidade de reverter a crise, reequilibrar as finanças e controlar a inflação. Foi o que ficou do anúncio do corte de gastos feito na sexta passada. O governo, mesmo com os cortes, prevê um déficit de mais de 60 bilhões de reais nas contas deste ano; espera que a recessão fique em 2,9% e projeta a inflação em 7,1% acima do teto da meta de 6,5%. Apesar dessas projeções estarem abaixo das do mercado, o governo pintou um cenário muito ruim para a economia o que mexe com as expectativas e expectativas podem influenciar, negativamente, a evolução da economia. Imagina como fica um empresário que está pensando em investir e, de repente, vê o próprio governo admitindo que vamos ter mais um ano de recessão? Por mais que o governo ressalte a importância da transparência, não é a transparência que vai salvar a imagem do País ou melhorar a confiança. O País se mostra mais arriscado e a equipe menos capaz de cumprir metas. Não temos mais meta fiscal nem de inflação. E a inflação pode subir mais diante dessa sinalização de estouro da meta. Se já havia dúvida quanto à possibilidade de o Banco Central fazer alguma coisa em relação aos juros pra produzir resultado melhor, a dúvida só aumentou. Não pode aumentar os juros porque reforçaria o tombo da economia. Mas também não tem muita margem pra cortar, dando mais fôlego ao consumo e a atividade, porque isso teria repercussão negativa sobre a inflação. É muito complicado. A inflação pode até ceder, mais à frente, como consequência da própria recessão, que tende a frear os aumentos de preços. Aí o Banco Central poderia cortar os juros. Mas isso mais para o ano que vem. É por toda essa situação que o mercado teve uma reação tão positiva hoje, com dólar em queda e bolsa em alta. Houve, claro, a influência do cenário externo, com as medidas de estímulo ao crescimento chinês e a recuperação dos preços de commodities, inclusive petróleo. Tanto que as ações da Vale e da Petrobrás dispararam. Só que boa parte da animação veio da nova etapa da Lava Jato, que na visão do mercado pode comprometer mais a presidente Dilma no processo de impeachment via TSE, que vai julgar a possível relação das doações da campanha de 2014 com o dinheiro da corrupção. O marqueteiro João Santana, que teve decretado o pedido de prisão, foi responsável pela campanha. Para o mercado só uma mudança de governo abre espaço para alguma reação da economia antes de 2018. Eu volto na quinta. Até lá.


MARCADORES: MERCADO FINANCEIRO, GOVERNO DILMA / PT, OPERAÇÃO LAVA JATO, ONDE ESTÁ JOÃO SANTANA?

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