quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / A CRISE É SÉRIA DEMAIS PARA SUPORTAR AMADORISMO - JANEIRO DE 2016



O governo tenta minimizar os novos dados do mercado de trabalho, a perda de mais de um milhão e meio de empregos formais em 2015, assim como tenta minimizar a gravidade da crise que o País enfrenta. Difícil uma recuperação do mercado de trabalho com a recessão prevista, este ano, em 3... 3,5%. O mercado de trabalho é o último a reagir, depois que toda a economia engata um movimento melhor. No ano passado a indústria e a construção foram os setores que mais demitiram. Agora vem um ajuste mais forte no comércio e em serviços. Aliás, as contratações temporárias de final de ano, do comércio, não conseguiram evitar que fosse o pior dezembro, para o Caged, desde 2008. Ano em que a crise internacional bateu com mais intensidade por aqui. E aí lá em Davos, no Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, diz que o Brasil passa por uma fase de transição, se adequando ás novas condições do mercado global, com a queda dos preços das commodities, de produtos básicos, como alimentos, minério, petróleo, mas segue consolidando os ganhos sociais. E mais: já poderá ter alguma recuperação no final do ano. Como acreditar nisso, com a falta de um programa melhor estruturado pra recolocar a economia nos eixos e com as decisões que o governo vem tomando com uma postura muito mais política e ideológica do que técnica. A atuação estabanada do Banco Central em relação aos juros básicos foi um exemplo claro disso. Induziu o mercado a acreditar que elevaria os juros para fazer com que a inflação caminhasse para o centro da meta até o final de 2017. Essa estratégia pode até ser criticada. Juros mais altos poderiam reforçar a recessão, a queda do consumo, o desemprego. Agora, não dá pra aceitar a mudança de postura do BC, a partir da piora das projeções do FMI para a economia brasileira. Projeções piores não são novidade. Isso nunca foi comentado pelo BC e, principalmente, na véspera de uma decisão sobre os juros. O que fica é a perda de credibilidade da instituição, pela suspeita de ter agido sob pressão, como já aconteceu no passado. A crise do País é séria demais pra ser administrada com ideologia, amadorismo, medidas pontuais, sem clareza de posições e posições corretas.Tudo isso só derruba mais a confiança que, entre outros efeitos negativos, pode intensificar o aumento do desemprego. Eu volto na segunda. Até lá.


MARCADORES: UM MILHÃO E MEIO DE VAGAS FORMAIS DE TRABALHO ACABARAM EM 2015, MERCADO DE TRABALHO EM CRISE, DESEMPREGO ALTÍSSIMO, GOVERNO DILMA / PT


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