terça-feira, 29 de dezembro de 2015

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / O GOVERNO NÃO CORTOU GASTOS COMO DEVERIA - DEZEMBRO DE 2015




O governo teve o pior resultado mensal e no acumulado do ano. Já se previa um resultado muito ruim dada a queda forte de arrecadação, reflexo da crise econômica. 

Mas não é só isso. O governo não cortou gastos como deveria. A crise política atrapalhou. Várias propostas apresentadas, ainda pelo ex-ministro Levy, enroscaram ou foram modificadas pelo Congresso. Mas quase tudo o que o governo cortou foram investimentos. 

Faltou mais disposição no corte de despesas. E o governo ainda está acertando as pedaladas fiscais, o que deixou de repassar para bancos públicos e o Fundo de Garantia, por conta de gastos com programas sociais. Tudo isso já levou o Brasil ao rebaixamento da nota de avaliação de risco pela agências de classificação Standard & Poor's e Fitch, e deve levar a outro, pela Moody's. Não tem como ser diferente. A evolução das contas foi péssima e não há perspectiva de uma recomposição melhor para 2016. 

A arrecadação deve continuar fraca porque vai ser mais um ano de recessão. Pra compensar, o governo conta com a volta da CPMF, bem improvável, e com a tributação sobre a repatriação de recursos. Nada de mais concreto. Pra mostrar compromisso com o ajuste fiscal fala em reformas, como da Previdência. Sem dúvida, uma proposta importante. Mas que não vai produzir resultados de uma hora pra outra. 

As mudanças só viriam a médio prazo e, antes, é preciso vencer a resistência política. A situação está bem ruim e eu nem falei dos juros que o governo vem pagando sobre a dívida pública, que já passaram dos 500 bilhões de reais em 12 meses. Gasto que vai subir mais com o aumento da taxa básica previsto pra 2016. O mercado já fala na selic em 15,25% ao ano. Mas aí é outra história. Sem os juros, o governo já teve o pior rombo da história e não tem nada mais convincente pra livrar as contas de um novo déficit no próximo ano. Eu volto na quinta. Até lá.


MARCADORES: GOVERNO DILMA / PT, CORTE DE GASTOS PÚBLICOS FEDERAIS, TAXA SELIC, DÍVIDA PÚBLICA, AUMENTO DOS JUROS, QUE A CPMF NÃO VOLTE

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