quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A QUESTÃO DOS NOVOS ANDARILHOS - DEZEMBRO DE 2014







Os moradores mais antigos se lembram da Peruíbe dos anos setenta, quando a população local, além de ser bem menor do que a atual, se concentrava bem mais na área territorial praiana, deixando quase que um vazio demográfico no que hoje são bairros populosos, alguns dos quais sequer existiam. Embora predominasse uma certa rusticidade nas habitações do meio urbano, que eu me lembre as favelas eram inexistentes, e os sem-teto raríssimos, personagens que só estavam de passagem. Incrível como tudo isso mudou em poucas décadas.

Agora se vê pela cidade muitos moradores de rua. Trata-se de um número indeterminado de pessoas desenraizadas (existe algum censo delas?), vindas de lugares diversos, uma questão que tem motivado muitos debates na internet.

É bom eu citar um fato pouco lembrado: muitos peruibenses "naturalizados" se estabeleceram por aqui em condições bem adversas.

Falo de atuais moradores que por aqui chegavam com "uma mão na frente, outra atrás", no início dormiam nas ruas e não tinham ocupação. Enfrentando muitas dificuldades, arrumavam trabalho (que podia ser um simples "bico" em alguma obra ou coleta de material reciclável), erguiam uma morada precária em algum bairro suburbano - ou que era tido como subúrbio na época - e iam tocando pra frente, deixando a miséria para trás, tornando a mesma uma péssima lembrança, um passado doloroso. Em outras palavras, conseguiam melhores condições de vida em Peruíbe. 

Mas se tratava de uma outra época, quando esta cidade era mais pobre e menos cara, lugar adequado para um andarilho desenraizado recomeçar. A criminalidade ainda era pequena, e o álcool um problema maior do que as drogas (pois é), para vermos como Peruíbe "evoluiu" até hoje.

O fato é que este lugarejo tornou-se difícil, tanto para os indivíduos humilhados quanto para os remediados (pagadores de impostos que têm acesso a equipamentos públicos deficientes). Peruíbe não é terra para principiantes, e com o agravamento dos problemas econômicos brasileiros, a situação local também irá piorar, por pior que esteja hoje.

Portanto, a questão dos novos andarilhos não tem solução na atualidade, dada a dificuldade dos que aqui chegam em se integrar ao sistema de produção local, pois as oportunidades são ralas até mesmo para quem possui residência fixa, estudo e apoio familiar.


MARCADORES: PERUÍBE, PERUIBENSE, MISÉRIA, POBREZA, SEM-TETO, EMPREGO, SUBEMPREGO, DESEMPREGO, PROBLEMAS SOCIAIS


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