sábado, 29 de março de 2014

TRANSPORTE COLETIVO SEM CONTO DE FADAS



Jhonnatha Fernandes 

  Esta em alta discutir o transporte no Brasil, mas infelizmente poucas pessoas desejam discutir de forma aberta e clara o assunto. Há muitos querendo melhorar o transporte público, mas até agora não vi propostas que realmente visem melhorar nosso sistema. Todas as propostas se baseiam em interesses de grupos e ideologias que pretendem apenas controlar a máquina pública e garantir os votos das próximas eleições.

Um problema de mentalidade: Transporte coletivo ou transporte público? 

Certamente há muitos entraves em nossa forma de pensar que nos impede de discutir este problema de forma legítima e uma delas é a mentalidade de que o transporte coletivo é público, ou seja, é de inteira responsabilidade do estado prover tal serviço. Isto nos coloca em um problema que é a subserviência ao estado e nos leva a ficar dependentes de acordos e tratos obscuros que a população não conhece seus meandros e pormenores. Com isso a população fica a mercê de preços tabelados entre as empresas que recebem altas quantias do governo e o próprio governo. Isso impossibilita que o valor das passagens tenham decréscimos, promoções ou outros benefícios que haveriam caso estas empresas não houvessem vínculos com o estado.

Porém não adianta apenas retirar da teta do governo as empresas, é preciso gerar concorrência. Sem isso, continuaríamos dependendo apenas de um fornecedor do serviço e ela continuaria tendo o controle do mercado podendo controlar os valores da tarifa. É preciso gerar concorrência, seja com empresas que forneçam a mesma forma de transporte ou de outros tipos, para que fique a critério da população decidir qual é a melhor fornecedora de serviços. Com isso não caberá aos governos pressionar e negociar a instalação de ônibus com ar-condicionado, trens mais modernos e rápidos e etc. Estas melhorias seriam adicionadas pelas próprias empresas, que como não tem dinheiro garantido do governo precisam gerar um bom serviço para atrair mais clientes, e claro com um preço agradável.

 Mas esta dependência nossa do estado é histórica. Dede a década de 1930, com Getúlio Vargas, foi construído no brasileiro a ideia de que o governo é como um “pai” que deve fornecer aquilo que necessitamos. Esta mentalidade é no mínimo maliciosa e esta presente em ideologias como o fascismo, nazismo e o socialismo. O indivíduo é quem conhece suas necessidades e sabe o que é melhor para si, ao estado cabe apenas a garantia das condições mínimas para que isso ocorra.

Transporte coletivo é somente para pobre?

Outro problema é o pensamento de que o transporte coletivo é algo destinado aos pobres. Esta mentalidade é fruto dos altos custos da aquisição de automóveis no Brasil e a falta de opções de transportes em nosso país. Com a escolha pelas estradas na década de 1950 o Brasil não investiu como deveria em outras formas de transporte como trens, metrôs, aviação e hidrovias. Isso gerou uma dependência muito grande no início e hoje uma saturação do sistema rodoviário tanto nas áreas urbanas como nas viagens por todo o país. Com esta saturação e o sucateamento das ferrovias do país, só temos as estradas para escoar a produção industrial e agrícola do país e transportar as pessoas.

Nas cidades este cenário provocou um inchaço das poucas opções de transportes existentes. A combinação de poucas opções de linhas de trens e metrôs e o caos rodoviário fez com que utilizar o transporte coletivo em nossas cidades fosse como experimentar a sensação de estar enlatado como uma sardinha.

Como nosso transporte é um caos, nem um pouco eficiente e ainda sofre com o problema da insegurança, aqueles com maior poder aquisitivo preferem não utilizar o serviço. Para nós é muito complicado imaginar grandes empresários, governadores e até mesmo celebridades nos metrôs, trens ou ônibus. Mas esta é a realidade em cidades por todo o mundo como Tóquio, Londres e Nova York. É uma questão de lógica, com eficiência e segurança não há porque não utilizar o transporte coletivo.

 A utopia de que o dinheiro público nasce em árvore



Há um movimento em várias cidades brasileiras denominado “Passe Livre”, mas desculpem aqueles que defendem tal ideia, defender tal pensamento é de um desconhecimento total de economia ou desonestidade intelectual mesmo.

Defender o “Passe Livre” é fácil no país das maravilhas, mas aqui no mundo real não é tão simples assim. Esta proposta defende que todo o sistema de transporte deve ser subsidiado com dinheiro público. Pois bem, mas este pessoal pensa que o dinheiro público vem de onde? Cresce em árvores, brotam do asfalto ou nascem como capim? Para a tristeza dos defensores deste pensamento, seus ideais funcionam muito bem na teoria, na prática empaca totalmente, já que o dinheiro tem que vir de algum lugar. E especificamente o dinheiro público vem dos impostos pagos pela população. Mas espera, as coisas não são caras exatamente pelos altos impostos que pagamos? Sim. Agora imaginem que teremos que pagar todo o sistema de transportes. 

Só para efeito de comparação, nos melhores sistemas de transportes coletivos do mundo quem paga a tarifa é o usuário. Em nenhum deles a tarifa é gratuita e em quase todas há um intercâmbio entre os diferentes transportes como metrô, trem, ônibus, táxi e etc. O brasileiro já trabalha cerca de cinco meses e meio para pagar impostos, quanto teríamos de pagar para pôr em prática o “Passe Livre”. Devemos parar de imaginar soluções ilusórias e mágicas e começar a olhar o que funciona. Afinal, quem não gostaria de um sistema de transporte como o de Nova York, Tóquio ou Paris? 

Concluindo sem finalizar

Com certeza há ainda muitos outros fatores a serem analisados e discutidos, mas estes são pontos importantes e imprescindíveis para se começar a trabalhar uma solução economicamente viável para nossas cidades e população. A questão econômica e a segurança são outros fatores de suma importância para tratar o problema. O monopólio de empresas e seus acordos obscuros com governos municipais e estaduais são outros empecilhos que devem ser enfrentados. Este assunto não se finaliza aqui, mas com certeza não será buscando soluções de contos de fada que iremos alcançar um transporte de qualidade para nossas cidades e para nosso país.


FONTE: MORAL POLÍTICA



MARCADORES: PERUÍBE, PERUIBENSE, CIDADE, MUNICÍPIO


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