terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

PROJETO DE NAÇÃO X PROJETO DE PODER (2)



Sérgio Tasso Vásques de Aquino

Fernando Collor de Mello (foto), o “Caçador de Marajás”, foi uma personagem criada pela mídia televisiva e que entusiasmou a parcela boa do eleitorado brasileiro, com a imagem de guardião restaurador da moralidade que lhe foi atribuída. Além do mais, naqueles momentos de decisão, seu oponente na pugna presidencial era Lula da Silva, certeza então de desastre pela percepção do seu comprometimento com a esquerda radical e do seu envolvimento com os comissários stalinistas/castristas. 

Uma vez no governo, Fernando Collor logo demonstrou imaturidade e despreparo para o cargo, sendo responsável pela segunda grande frustração dos concidadãos que buscavam melhores caminhos para o Brasil: a primeira trágica experiência, quase trinta anos antes, havia sido com Jânio Quadros! Acabou retirado da Presidência, em meio a rumoroso e inédito processo de “impeachment”, motivado por acusações de corrupção e comandado pela mesma mídia que o havia criado, responsável pela convocação dos “caras-pintadas” que, barulhenta e eficazmente, clamavam por seu afastamentos nas ruas e praças do Brasil inteiro. Diga-se, a bem da verdade, que suas agressões à ética e à moralidade, então levantadas de forma tão traumática para o equilíbrio político da Nação, embora graves, parece que são faltas pequenas, quando comparadas ao incrível elenco de corrupção generalizada e de crimes continuados e constantes contra o Erário e o patrimônio comum dos brasileiros que passaram a caracterizar o Brasil público e privado, nos anos e governos seguintes (com ressalva do período Itamar Franco), a ponto de passarem a ser considerados “normais” e assimilados pela opinião pública e as elites, crescentemente inertes ou alienadas. 

A despeito de tudo, porém, e em face da extrema expectativa positiva que cercava a figura do mais jovem Presidente que o Brasil já tivera, cuja luta contra a corrupção era ansiosamente esperada, Collor e seus seguidores imediatos deixavam claro, no seu início de gestão, que abrigavam um projeto de poder de “20 anos de duração”, em função do anunciado sucesso na luta contra a imoralidade que tanto agastava os brasileiros de então. 

 Fernando Henrique Cardoso, o primeiro Presidente de esquerda eleito no Brasil, sempre deslumbrado pelo Primeiro Mundo, tinha, também, vínculos acentuados com os centros mundiais do poder, basicamente capitalistas e de influência político-econômica totalizante. Seu governo caracterizou-se pela alienação de parcelas ponderáveis do patrimônio nacional, a preços e condições questionáveis, para grandes empresas estrangeiras, inclusive pertencentes aos respectivos governos, e empresários nacionais, no chamado processo de “privatização”, pelas restrições crescentes ao reaparelhamento e ao desenvolvimento científico e tecnológico das Forças Armadas e à remuneração condigna dos seus integrantes, fenômenos iniciados em 1990, em pleno governo Collor, e pelo alento e apoio concedidos às iniciativas e ações revanchistas à participação militar no Movimento de 31 de março de 1964, nas quais se insere a criação do Ministério da Defesa, de forte influência externa também, que só cresceram a partir de então. Abrigava, também, um projeto de poder, já que foi o responsável, diretamente interessado, pela introdução da reeleição no sistema político nacional, em todos os níveis administrativos, que se tem revelado prática ruinosa, política, econômica e moralmente, pelo facilitado tráfico de influência de quem esteja no poder. Ao fim do seu governo, por obra e graça de tudo o que havia feito, o País estava maduro para o acesso do PT ao governo, diante de um PSDB, a partir de então “oposição”, extremamente debilitado, enfraquecido, quando não aliado por baixo dos panos, haja vista a recente votação escandalosa para a presidência do senado… 

 No período governamental de Fernando Henrique Cardoso tiveram início os ataques oficiais à essência da Escola Superior de Guerra, “celula mater” do projeto brasileiro de nação, para retirar-lhe a característica de estudiosa e formuladora da Política e da Estratégia Nacionais e convertê-la em simples Escola de Defesa, com muito menores âmbito e repercussão de atuação. Tudo por influência externa, mas também de correntes revanchistas internas, cada vez mais fortes e articuladas. Em verdade, era a ESG celeiro de estadistas, civis e miltares, e o mais alto foro acadêmico de discussão sobre o Brasil, seu papel no mundo e seu futuro. Por isso, precisava ser amesquinhada em sua expressão e neutralizada. O desmonte prossegue, com idéias correntes de esvaziá-la do conteúdo militar, para ser transformada em mais uma “universidade”, com professores civis apenas. Noticia-se, também, que o governo teria um plano de reformular o ensino em todos os centros de formação e de altos estudos das Forças Armadas, para comunicar aos seus corpos de Oficiais, em todos os escalões hierárquicos, ideologia mais consentânea com seus propósitos, do governo (bolivarianismo?). 

 Depois de três derrotas consecutivas na disputa pela Presidência da República, finalmente Lula da Silva e seu PT chegaram ao topo. Há versões que atribuem ao “bruxo” Golbery do Couto e Silva a paternidade da criação de Lula como líder operário e do PT sob seu comando, como formas de BARREIRA ao movimento comunista.e seus líderes. Sendo verdade, foi um autêntico tiro no próprio pé de quem se julgava exímio manipulador político, de pessoas e de vontades, sem jamais o haver efetivamente provado, entretanto! 

 Na oposição, o PT sempre se apresentou como o campeão da ética e da moral, criticando tudo e todos, pretensamente nacionalista e defensor da soberania e do patrimônio nacionais, a ponto de muitos eleitores de boa fé e esperançosos de que trouxesse melhores dias para o Brasil, com a aplicação racional dos recursos públicos, haverem sido cooptados pela legenda. Uma vez no governo, tratou de “aparelhar” o Estado e os seus diversos órgãos constituintes e empresas públicas associadas por “companheiros”, às dezenas de milhares, de idêntica orientação político-ideológica, substituindo critérios técnicos e de competência profissional pelos de mera militância política no preenchimento de cargos e funções, retirando-lhes eficácia, eficiência e aumentando os fatores de compadrio, troca de influências e corrupção, como logo e desde então se viu, em escala exponencialmente crescente.  

O PT é um partido diferente de todos os outros, já que profundamente orientado pela ideologia. Em essência, é um partido revolucionário de esquerda, com preponderante marca marxista-leninista e que visa à transformação do Brasil num país “socialista”. Por isso, tem um forte, determinado, consciente, permanente projeto de Poder: a progressiva transformação da consciência nacional, para os paulatinos reconhecimento e aceitação do “modelo socialista” de vida, totalizante em seus aspectos políticos, econômicos, psicossociais, militares e científico-tecnológicos. Nada do que faz é por acaso: a desmoralização dos políticos da “base aliada” e do Legislativo, para convencer o povo da inutilidade do parlamento, o fomento e a ampliação da luta de classes e das divisões na sociedade, a neutralização e a domesticação das Forças Armadas, as medidas tendentes à frouxidão dos costumes, a leniência com a corrupção desenfreada e o incentivo à desagregação das famílias e dos valores tradicionais da Nação, as ameaças à imprensa livre, as contestações ao Judiciário neste momento em que, pela sua mais alta corte, se renova e infunde justificada esperança, e tantas outras ações que visam à destruição de tudo o que somos e temos de bom nada mais são que aplicações práticas, muito eficazes e bem sucedidas, dos ensinamentos de Antonio Gramsci, o profeta diabólico do eurocomunismo, de tomada suave, consentida do poder. 

 Partido fundador e um dos integrantes principais do “Foro de São Paulo”, criado para promover e acelerar a União das Repúblicas Socialistas da América Latina, seus aliados privilegiados no continente são a Argentina de Kirschner, a Venezuela de Chavez, o Equador de Correa, a Bolívia de Morales, a Nicarágua de Ortega, e Cuba dos “hermanos” Castro, líderes admirados e incensados de todos os esquerdistas extremados. Como tem extravasado das suas reuniões de cúpula, o PT tem confiança absoluta em que “está tudo dominado”, o que tem levado seus integrantes e dirigentes mais conspícuos a declararem, com toda a tranquilidade, que seu projeto de poder se restringe ao fortalecimento do partido e ao atingimento dos seus fins. De forma alguma é um projeto de salvação nacional, mas completamente de supremacia partidária sem contestação! Os que se opõem a ele, inclusive, têm sido ameaçados: “Em 2013, o bicho vai pegar!”, “Mexeu com Lula, mexeu comigo!” O julgamento do mensalão pelo STF foi político, não pode ser aceito e tem de ser enfrentado e revertido!” 

Os “companheiros de viagem”, banqueiros e empresários que tanto têm lucrado das agruras do povo pelas facilidades concedidas pelos governos para serem aliados e colaboradores, políticos corruptos de todos os partidos que têm sido incensados e estimulados com cargos e vantagens para participarem do butim à Nação, militares que fingem não ver o que está acontecendo, buscando justificativa nos primados tão elevados e básicos da nobre carreira das armas da hierarquia e da disciplina para a acomodação, funcionários públicos dos Três Poderes, de todos os níveis e funções, que não cumprem seus deveres de servir com exação, beneficiários das “bolsas de tudo”, que preferem não trabalhar e viver da esmola oficial, paga por todos nós, povo que se compraz em comportar-se como bárbaros, sem respeitar a lei e os direitos dos concidadãos não percebem que estão cavando a própria ruína e que, no momento aprazado, serão os primeiros a ser sacrificados. ASSIM FOI, E TEM SIDO EM TODA A PARTE EM QUE O COMUNISMO TRIUNFOU. 

 Quem acompanhou a história da Revolução Comunista no mundo todo sabe que está tudo programado: é preciso haver miséria, atraso, ignorância, falta de saúde e de educação, corrupção, ódio de classes e de categorias sociais, desmoralização e desfibramento da sociedade, “condições objetivas”, enfim, para que a imposição da “nova ordem” seja facilitada e completada. O ideal deles é que, sob a liderança da “vanguarda do proletariado”, nos transformemos numa grande Cuba! 

 O PT não é um partido comum, igual aos outros. Fiel aos ditames da perversa ideologia pela qual é orientado, despreza as restrições éticas da “moral burguesa” e acredita no princípio de que os fins justificam os meios, que aplica com raro sucesso. Utiliza, com maestria, a mentira como arma política e a cara propaganda enganosa para veicular suas idéias, seu programa e seus pretensos feitos e preocupações pelo bem comum.. Adota, como os congêneres, o culto à personalidade, tendo transformado seu candidato a ditador e chefe supremo, apesar das suas evidentes mazelas e notórias falhas, em figura idolatrada pela maioria do povo, conquistado, na sua ignorância propositalmente estimulada, pela versão oficial dos fatos, que o bombardeia a cada passo, diuturnamente, em caríssima ação de marketing e propaganda, historicamente tão ao gosto dos extremistas de direita e de esquerda. 

 Em tudo, porém, não deixa de ocorrer um toque acentuado da demagogia populista, tão cara aos salvadores da pátria latino-americanos. Assim, para entender o Partido dos Trabalhadores, nos seus propósitos e projeto de alcançar o poder total, é preciso ter em vista a história do PCUS- Partido Comunista da União Soviética, mesclada com a do PRI – Partido Revolucionário Institucional, do México. Ambos estiveram no poder por setenta anos… 

 DEUS NOS AMPARE! AMÉM! 

 Rio de Janeiro, RJ, 07 de fevereiro de 2013.

Fonte:  DEBATES CULTURAIS



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