segunda-feira, 15 de outubro de 2012

KIT ANTI-HOMOFOBIA: TEORIA E PRÁTICA DA MILITÂNCIA PETISTA



Gravatai Merengue

A militância petista da internet é preponderantemente contra a interferência de igrejas em políticas públicas, defensora do estado laico e simpatizante de toda e qualquer causa (mesmo); incluída aí, é claro, a bandeira LGBTT. 

 Já o partido, especialmente quando em campanha, frequenta todo tipo de igreja, seita, culto, templo, com direito a candidato ortodoxo tomando comunhão católica. Podem dizer que é do jogo, ok. Mas sigamos. 

 No poder, o PT governa aliado à chamada bancada evangélica. Lembra tudo aquilo que falavam do Russomanno e da IURD? Pois bem: o PRB, partido ligado à Igreja Universal, é aliado de primeira hora do governo federal. Continua aliado. E continuará. 

Chegamos, portanto, ao kit anti-homofobia (chamado pela imprensa e parlamentares aliados do governo federal de “kit gay”). José Serra foi perguntado sobre o kit, respondeu de forma a condená-lo. Imediatamente, a militância petista da web repudiou com veemência a resposta (aquela veemência típica deles, com indignação teatral, insultos de todo gênero e a tradicional falsa defesa de uma causa). 

 Estariam esses militantes preocupados com os direitos LGBTT? Não, não estariam. A regra, mais uma vez, se confirmou: entre uma causa e o partido, ficam com o partido – seja qual for a bandeira. 

 O tal kit SERIA lançado pelo MEC. Não foi. E não foi porque a presidente Dilma Rousseff o vetou. E esse veto resulta de pressão de bancadas conservadoras. A “pressão” funciona porque o governo precisa desses parlamentares em sua base. Puro e simples acordo de governo “progressista” e setores que os militantes do partido consideram um atraso para o país. 

 Mas não há indignação quanto a isso; rola aquela vista grossa de sempre e os direitos LGBTTs que se lasquem. 

Subitamente, surgem petistas raivosos quando José Serra é perguntado sobre o kit que a própria Dilma vetou. Ele estaria erradíssimo pela opinião que tem; ela certíssima pelo veto ao kit por pressão das bancadas conservadoras (de quem o governo depende dos votos, a quem o governo dá ministérios etc.). 

 O kit foi divulgado no final de 2010 e já estava em elaboração havia mais de um ano. O veto ocorreu em maio de 2011 e, desde então, NÃO HOUVE PRODUÇÃO DE QUALQUER OUTRO MATERIAL. Enquanto militantes LGBTT (que colocam a causa acima de qualquer partido) brigam por algum tipo de política pública correlata, os petistas (especialmente da web) não cobram coisa alguma (já o TCU, cobra uma fortuna que teria sido gasta e, claro, não foi aplicada). 

 E a desonestidade se torna mais descarada quando tratam como “tema posto em campanha pelo candidato” o que é uma resposta a pergunta formulada em entrevista. Funciona assim: perguntam, perguntam, perguntam, perguntam, até que, claro, o candidato responde. Daí a culpa é dele (!) por “colocar o tema na pauta” (!?!). 

 Enquanto isso, a demanda da comunidade LGBTT continua ignorada pelo governo progressista que, vejam só!, é aliado de bancadas ultraconservadoras e ligadas a toda sorte de denominações religiosas. O militante petista aplaude o governo que VETOU o kit, mas xinga pesadamente quem emite uma opinião contrária ao mesmo material vetado pelo governo aplaudido. 

 Eles não perdem tempo com coisas como lógica, noção ou fatos. Primeiro o partido, depois esses detalhes. E depois, bem depois, as causas que alegam defender. E se tudo der errado, há sempre a saída clássica de dizer que o adversário diz “baixarias”. Patético.

Fonte: IMPLICANTE


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