quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PERUÍBE E O CREPÚSCULO DA MIGRAÇÃO NORDESTINA



Já repararam que os migrantes nordestinos "novos", ou seja, que estão a pouco tempo em Peruíbe, estão se tornando raros? Foi-se o tempo em que era comum a presença de muitos desses forasteiros "nortistas" por aí, trabalhando em obras e outros tipos de trabalhos pesados. O grande fluxo migratório acabou?


Pode-se dizer que sim. Claro, alguém pode afirmar o contrário, dizendo que existem alguns recém-chegados, mas que são poucos, se compararmos com os que vieram durante a migração histórica dos anos oitenta e noventa, quando trabalhadores nordestinos praticamente ergueram bairros inteiros com casas para veranistas. Considero muito difícil que exista aqui em Peruíbe, algum imóvel construído nas últimas duas décadas do século XX que não tenha contado com o esforço de nordestinos, muitos dos quais povoaram os subúrbios e mudaram tremendamente esta cidade, em termos econômicos e culturais. Essa época está encerrada.


Tenho certeza que ao lerem isso, alguns paulistanos que para cá migraram - pois é, só eles "podem se mudar" para cá -  devem ser sentir muito satisfeitos, já que sempre consideravam a vinda desses forasteiros POBRES um incômodo, atribuindo a eles a origem dos dramas sociais locais, como o desemprego, a favelização e outras questões desagradáveis. Imagina se o PORTO BRASIL estivesse sendo construído? Quantos "nortistas novos" já estariam por aqui, não é mesmo? Vindo aos montes, incomodando uma minoria com os seus sotaques e culturas tão diferentes. Garanto que um inevitável novo ciclo migratório nordestino que seria gerado pela construção do Porto, preocupava a alguns moradores bem mais do que a ecologia, pessoas que hoje se sentem aliviadas, pois a "invasão" não ocorreu, e outra não ocorrerá, pois a tendência histórica não é a de Peruíbe ser invadida, mas de ser "evacuada".


Peruíbe passa por uma séria crise em seu mercado de trabalho, talvez a mais severa desde a emancipação e esse é um fato amplamente divulgado, tanto por este blog como pelos peruibenses da nossa diáspora. Como dizer que o desemprego afeta principalmente a um certo grupo de migrantes? No PAT dePeruíbe, não faltam jovens nascidos nesta terra, eles predominam na busca por vagas. Os tempos dos nordestinos andarilhos aventureiros acabaram, pois eles já sabem que este lugar não dá mais futuro. O que podem conseguir em uma cidade sem rumo, onde até a maioria dos estudantes universitários só conseguirão bons empregos se saírem daqui? 


Pois é, até para os que buscam uma formação de nível superior está difícil. Todo ano Peruíbe exporta gente mais instruída que não pode aproveitar, empobrecendo o seu capital humano e com uma população que depende exageradamente do poder público crescendo. O pouco interesse que atualmente este município desperta em Sergipanos, Alagoanos, Pernanbucanos, Baianos, Cearenses e outros, é um sintoma do atraso em que Peruíbe se encontra.
   

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