terça-feira, 29 de junho de 2010

Enchentes no nordeste: o desespero se espalha entre os flagelados



Tentativas de suicídio em cidades afetadas pelas enchentes aumentam

O desalento começa a ocupar o espaço da urgência pela sobrevivência nas cidades mais atingidas pelas chuvas em Alagoas. Após o choque inicial da tragédia, as pessoas estão se dando conta de que suas vidas não voltarão ao normal. Começam a surgir casos de tentativas de suicídio e mortes por doenças agravadas pelo estresse, como infartes. Desavenças com as autoridades se intensificam.

Em Santana do Mandaú, foram duas tentativas de suicídio nos últimos dois dias. Na semana passada, houve um infarto fulminante, e duas grávidas pariram filhos mortos. Em Branquinha, a população perdeu não só as casas, mas sua noção de cidade. O centro comercial, instituições e os prédios públicos foram levados pelas águas.

— Como vou fazer pra receber o Bolsa Família? Minha vida não tem mais sentido — gritava, aos prantos, a moradora Zumira dos Santos, inconformada com a destruição do prédio federal que realizava o pagamento do benefício.

— A cidade está com os nervos a flor da pele. Já pedi para contratar dez psicólogos, para ficar por aí, conversando com a população — afirmou a prefeita Renata Moraes.

Em União dos Palmares, começa a ficar tenso o clima com as autoridades. O estopim foi o início das discussões para a transferência das vítimas, alojadas em escolas, para acampamentos em locais distantes. Os desalojados, porém, temem que o acampamento se torne uma solução permanente.

— Não podemos ir pra outro lugar, sem garantia de que haverá reconstrução das casas — disse Gilvan Alessandro, umas das 800 pessoas que dormem na escola Clóvis de Barros.

Quando há sol, as pessoas colocam suas fotos para secar, na tentativa de resgatar suas histórias. A vontade de ter um lar faz com que muitos abandonem abrigos e voltem para casas comprometidas.

Em Santana do Mandaú, não é incomum ouvir pessoas dizendo que não existem mais, que perderam RG e título de eleitor. O cartório local foi destruído, e as certidões de nascimento da cidade, levadas pelas águas.


 Fonte:Prefeitura de Branquinha


Comentário: a foto da postagem é de voluntários trazendo para a cidade de Branquinha doações arrecadadas pelo SOS ALAGOAS. Formam um grupo esforçado, corajoso, que demonstra um esforço legítimo em ajudar o próximo. Existem tipos por aí, que dizem seguir "grandes princípios", que consideram um horror a prática da caridade, pois enxergam nela uma forma de humilhar os necessitados. Para eles o problema está no "sistema" (leia-se capitalismo), e com o fim desse "sistema", não existiriam mais esses necessitados, pois todos estariam protegidos pelo grande provedor chamado GOVERNO.

Na história do século XX não faltam governos que se diziam "progressistas", mas que pisaram violentamente na bola com as massas.  Na URSS dos anos trinta morreram milhões de fome, bem ao contrário dos EUA, afundado na depressão (mas na URSS sem capitalismo foi muito pior...vai entender !!!); outros milhões foram vítimas de inanição na China maoísta e mais recentemente, a Coréia do Norte, com o seu regime político que "libertou os trabalhadores da opressão imperialista",  perdeu população devido a falta grave de alimentos. 

Claro, caridade é coisa de burguês com dor na consciência, de cristão querendo pontos no céu. O que se necessista é de um ESTADO PROVEDOR, que cuide das necessidades de todos. Sei que tem quem ache que a ajuda aos flagelados no nordeste deveria se condicionar a ação governamental. Então tá, quem está acompanhando mais essa tragédia brasileira sabe da demora e da ineficiência das autoridades, sejam essas municipais, estaduais e FEDERAIS. Vamos cruzar os braços e deixar que os governantes CUIDEM DE TUDO. Aquele povo que se vire, pela lógica de pessoas que adoram falar de "bons princípios".

Basta ver a notícia desta postagem, que cita o sofrimento emocional de milhares, os quais já não enxergam um futuro. Já passei por isso, sem precisar de enchente. A perda de esperança, impotência, a humilhação, é tudo muito duro. Viver em um ambiente tão trágico alimenta o ressentimento e a prática da violência. Não dá para esperar pelas decisões de políticos que se acham salvacionistas, é preciso se agir, de acordo com as nossas possibilidades.

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